No final da partida com o Braga, Frederico Varandas decidiu falar aos jornalistas. Esta foi a primeira vez que os Sportinguistas viram o seu presidente falar no final de uma partida. Uma semana depois, e face ao que ocorreu ontem, é útil analisar a forma e o conteúdo do que foi dito há precisamente uma semana pelo Presidente leonino.
Amadorismo
Antes de passar ao conteúdo da declaração, gostaria de analisar a forma como a mesma foi feita. Para isso recorro às imagens.
Como podem verificar, Frederico Varandas apresentou-se aos jornalistas presentes na zona mista precisamente no momento em que Abel Ferreira estava a dar a sua conferência de imprensa. Obviamente, as televisões continuaram com a conferência de Abel Ferreira, passando depois uma gravação das declarações de Frederico Varandas. Para depois passarem essas declarações gravadas de Frederico Varandas, as televisões têm de esperar que todos os protagonistas falem, para não perderem a via aberta na recolha de declarações em directo.
É absolutamente vergonhoso que um clube como o Sporting tenha um departamento de comunicação com este nível de amadorismo. O problema é que este não é um caso isolado. É apenas e só mais um episódio na longa lista de patetices feitas pelo departamento liderado pelo benfiquista Gonçalo Vilela Santos da LPM. Para os mais desatentos, importa dizer que Frederico Varandas é presidente da SAD, e que um dos seus pelouros é precisamente o da comunicação, o que quer dizer que estas patetices são da sua directa responsabilidade.
Para ser justo tenho de retirar desta equação o Paulo Cintrão, responsável pela comunicação da equipa de futebol. Quer Marcel Keizer, quer os jogadores falaram nos momentos certos e tiveram as suas intervenções a passar em directo nas televisões e sem se sobreporem a ninguém.
Para fechar sobre esta matéria, dizer apenas que é muito triste ver a comunicação do Sporting a ser gozada - com argumentação válida - por um canal como a CMTV.
Aqui fica a intervenção na integra para análise dos leitores.
Passo agora a analisar as três ideias chave da declaração.
A intervenção
Aqui fica a intervenção na integra para análise dos leitores.
Passo agora a analisar as três ideias chave da declaração.
A dedicatória a Keizer
O Presidente Varandas começou por dedicar a vitória a Marcel Keizer por este ter perdido um familiar próximo naquele dia. Foi uma excelente forma de começar a sua declaração mostrando-se solidário com o nosso treinador. Julgo que poderia fazê-lo em nome de todos os Sportinguistas. Ficaria ainda melhor.
As três formas de lidar com a derrota
Após a bonita referência a Keizer, Frederico Varandas decidiu teorizar sobre as formas de lidar com a derrota. Disse então que "há 3 formas de lidar com a derrota, com "dignidade (olhando para dentro), com histerismo ou com cobardia". Da teoria, Varandas passou à prática e exemplificou.
Considerou que perder com dignidade foi o que o Sporting fez com o Tondela ou com o Portimonense, onde na sua opinião a "equipa perdeu bem". Varandas exemplificou o perder com "histerismo" com a reacção que António Salvador teve no final desse jogo e fechou atirando a versão cobarde para o comportamento que Luís Filipe Vieira teve no dia anterior, onde fez um ataque feroz à arbitragem.
Curiosamente no tal jogo em que Varandas diz que "o Sporting perdeu bem" com o Tondela aconteceu isto.
Não sei em que categoria das "três formas de lidar com a derrota" é que Frederico Varandas enquadra o comportamento do Beto. E o que dizer do comportamento do senhor que foi substituir Beto no banco e que acabou expulso no jogo de ontem?
Dignidade, histerismo ou cobardia, caro Presidente?
Obviamente, estas declarações são um erro crasso de Varandas e um autêntico tiro no pé, como ontem se viu. Uma figura como o Presidente do Sporting tem de perceber que as suas declarações nunca podem ser fechadas. Nunca se pode balizar o que quer que seja da forma como Varandas fez. Ainda para mais, não tendo incluído a critica legitima ao trabalho de uma equipa de arbitragem. Estava na cara de que mais cedo do que tarde o Sporting seria gravemente prejudicado pela arbitragem. Foi preciso esperar apenas uma semana para isso acontecer.
Por falar em tiros nos pés, gostaria também de recordar que durante a campanha eleitoral, o então candidato Varandas dizia que só iria aparecer nos maus momentos, deixando o protagonismo para os jogadores nos bons momentos. Ora, não é isso que se tem visto. É precisamente o oposto. Varandas só deu a cara no final dos jogos depois da vitória contra o Braga e da conquista da Taça da Liga. Ninguém o ouviu falar depois dos jogos com o Portimonense, Tondela, Porto ou Setúbal.
Posto isto, depois da roubalheira de ontem eu gostaria de perguntar ao Presidente o seguinte: de que forma devem os Sportinguistas reagir ao que se passou em Setúbal. Com "dignidade (olhando para dentro), com histerismo ou com cobardia"?
Mas não se pense que só tenho críticas para o Presidente do Sporting. As declarações sobre o VAR e sobre a pressão inaceitável feita por Luís Filipe Vieira a Fábio Veríssimo, foram muito boas. E aqui destaco mesmo a relevância e qualidade da expressão utilizada: "um tempo que não volta para trás". E não pode mesmo voltar. Mas para isso não acontecer, o Presidente do Sporting tem de estar activo, tem de dar a cara pelo clube, não pode deixar que a bipolarização do futebol português volte a ser uma realidade, tem de fazer propostas para melhorar o futebol nacional, tem de encontrar aliados, tem de defender intransigentemente os interesses do clube e sobretudo tem de unir o Sporting, como tanto apregoou na campanha eleitoral. Algo que claramente não está a conseguir, pelo contrário.
Curiosamente no tal jogo em que Varandas diz que "o Sporting perdeu bem" com o Tondela aconteceu isto.
Não sei em que categoria das "três formas de lidar com a derrota" é que Frederico Varandas enquadra o comportamento do Beto. E o que dizer do comportamento do senhor que foi substituir Beto no banco e que acabou expulso no jogo de ontem?
Dignidade, histerismo ou cobardia, caro Presidente?
Obviamente, estas declarações são um erro crasso de Varandas e um autêntico tiro no pé, como ontem se viu. Uma figura como o Presidente do Sporting tem de perceber que as suas declarações nunca podem ser fechadas. Nunca se pode balizar o que quer que seja da forma como Varandas fez. Ainda para mais, não tendo incluído a critica legitima ao trabalho de uma equipa de arbitragem. Estava na cara de que mais cedo do que tarde o Sporting seria gravemente prejudicado pela arbitragem. Foi preciso esperar apenas uma semana para isso acontecer.
Por falar em tiros nos pés, gostaria também de recordar que durante a campanha eleitoral, o então candidato Varandas dizia que só iria aparecer nos maus momentos, deixando o protagonismo para os jogadores nos bons momentos. Ora, não é isso que se tem visto. É precisamente o oposto. Varandas só deu a cara no final dos jogos depois da vitória contra o Braga e da conquista da Taça da Liga. Ninguém o ouviu falar depois dos jogos com o Portimonense, Tondela, Porto ou Setúbal.
Posto isto, depois da roubalheira de ontem eu gostaria de perguntar ao Presidente o seguinte: de que forma devem os Sportinguistas reagir ao que se passou em Setúbal. Com "dignidade (olhando para dentro), com histerismo ou com cobardia"?
Um tempo que não volta para trás
Mas não se pense que só tenho críticas para o Presidente do Sporting. As declarações sobre o VAR e sobre a pressão inaceitável feita por Luís Filipe Vieira a Fábio Veríssimo, foram muito boas. E aqui destaco mesmo a relevância e qualidade da expressão utilizada: "um tempo que não volta para trás". E não pode mesmo voltar. Mas para isso não acontecer, o Presidente do Sporting tem de estar activo, tem de dar a cara pelo clube, não pode deixar que a bipolarização do futebol português volte a ser uma realidade, tem de fazer propostas para melhorar o futebol nacional, tem de encontrar aliados, tem de defender intransigentemente os interesses do clube e sobretudo tem de unir o Sporting, como tanto apregoou na campanha eleitoral. Algo que claramente não está a conseguir, pelo contrário.
Um tempo que voltou atrás
Mas pior do que vermos erros próprios é vermos Frederico Varandas a repetir erros do Presidente anterior, até usando algum do palavreado recorrentemente usado por Bruno de Carvalho. Ainda antes do jogo de ontem ter principiado, começou a circular na imprensa um editorial do Jornal Sporting com um ataque feroz ao Benfica, sendo que o mesmo estava assinado por Frederico Varandas. E aqui importa referir que o jornal só saiu hoje para as bancas e que foi a comunicação do Sporting quem decidiu passar em primeira mão para a imprensa esse editorial. Precisamente antes de um jogo decisivo para as contas do Sporting ter início.
Como podem verificar, a notícia do Expresso foi publicada às 18:56, quatro minutos antes de se iniciar o jogo do Sporting em Setúbal. Quanto ao editorial em si não consigo perceber a estratégia de atacar o Benfica num momento em que nada de relevante aconteceu, até porque Varandas já tinha comentado as declarações de Vieira na Taça da Liga. Também não me parece que incendiar o ambiente antes do derby traga algo de positivo para o Sporting. Aliás, não faltará por ai gente a assacar responsabilidades morais a Varandas em caso de alguma coisa correr mal nos dois próximos derbys.
Na realidade o karma é mesmo tramado e enquanto a notícia do editorial dedicado ao Benfica circulava pelos jornais e redes sociais, o Sporting deixava dois pontos em Setúbal, ficando a 10 pontos do Porto, a 5 pontos do Benfica e a 4 pontos do Braga. Se calhar era sobre isto que os Sportinguistas gostavam de ler um editorial...
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