quarta-feira, 28 de outubro de 2020

O "caso" Miguel Albuquerque

Na passada quinta-feira, o Correio da Manhã trouxe à estampa um enorme destaque dedicado a Miguel Albuquerque, diretor-geral das modalidades do Sporting. Desde esse dia até hoje, foram várias as movimentações, que agora, com algum distanciamento temporal, passo a analisar. Primeiro vamos aos "factos" em cima da mesa.

1 - A versão do Correio da Manhã



Vejamos agora o conteúdo da notícia.

Relativamente ao processo em si, o Correio da Manhã diz que existiram diversas agressões verbais, através de mensagens, assim como uma situação em que Miguel Albuquerque terá embatido no carro da ex-mulher, no sentido de parar o veículo. O tribunal "condenou Miguel Albuquerque a 2 anos e 2 meses de prisão com pena suspensa". Esta deliberação foi tomada em "junho do ano passado" e Miguel Albuquerque não recorreu.

Contactado pelo Correio da Manhã, o Sporting confirma que a ex-mulher também exerce funções no Sporting e que o clube "não teve conhecimento de que tenha sido proferida qualquer sentença de condenação com esse conteúdo e com esse arguido". 

2 - A reação do Sporting

Pela hora do almoço dessa quinta-feira, o Sporting emitiu o seguinte comunicado: 


3 - O dia seguinte


No dia seguinte à notícia inicial e ao comunicado do Sporting o Correio da Manhã voltou a escrever sobre o mesmo assunto. 


Diz o Correio da Manhã que "Miguel Albuquerque nunca terá informado a entidade patronal". Diz também que deverá ser instaurado um processo disciplinar mas que "continua a receber salário (3500 euros mensais)".

4 - O que faltou dizer



O que faltou dizer, por falta de interesse do Correio da Manhã, teve de ser dito pela ex-mulher de Miguel Albuquerque, que teve que recorrer à figura do "direito de resposta", consagrado na lei, para dar esclarecimentos sobre o assunto.

Ficamos a saber que a "ex-mulher" reconciliou-se e retomou a relação com Miguel Albuquerque ainda durante o processo. Mais informou que não lhe foi possível retirar a queixa porque se tratava de um crime público. Aproveitou ainda a oportunidade para desmentir que ela ou a filha tenha recebido qualquer tipo de assistência médica ou tratamento hospitalar. 

5 - O que Correio da Manhã fez no "Verão passado"


Se recuarmos ao dia 7 de maio de 2019 e olharmos para a capa do Correio da Manhã, verificamos o seguinte: 


Vejamos também a notícia na íntegra para não restarem dúvidas.


Segundo a notícia do Correio da Manhã de dia 7 de maio de 2019, e assinada por Tânia Laranjo, o julgamento de Miguel Albuquerque iniciou-se nesse preciso dia. Diz ainda o CM que o "caso surpreendeu altos dirigentes do Sporting". 

Portanto, de 7 de maio de 2019 a 22 de outubro de 2020, o Correio da Manhã não escreveu uma linha sobre a conclusão deste caso. 

Temos então até aqui toda os factos públicos relacionados com este caso. Passo agora a dar a minha opinião sobre todos pontos deste "caso".

Qual é o interesse do Correio da Manhã no assunto?


Quantos portugueses conhecem Miguel Albuquerque? Será que esta figura e este assunto tem relevância mediática para ser o principal destaque de capa do jornal com maior tiragem a nível nacional, numa fase em que o país tem tantos e graves problemas para noticiar?

Se as respostas a estas perguntas já nos fazem duvidar do súbito interesse do Correio da Manhã pelo tema, pior ficamos quando nos apercebemos que estamos a ler uma "notícia" de algo que ocorreu há um ano e meio. 

Os crimes


Não há desculpas que atenuem o crime que Miguel Albuquerque cometeu. Este é um erro com o qual terá de viver o resto da sua vida e pelo qual foi punido pela justiça, com dois anos e dois meses de pena suspensa. Contudo, importa salientar que Miguel Albuquerque não foi condenado por violência física, mas sim verbal. Igualmente lamentável e profundamente condenável, mas importa salientar a diferença.

Entretanto, e apesar do divórcio, a situação foi ultrapassada e o casal reconciliou-se. Uma reconciliação que ocorreu ainda muito antes do processo ser julgado. Para que se perceba ainda melhor a situação, importa referir que o processo só não foi retirado pela vítima porque se tratava de um crime público. Entenderam ainda, enquanto casal que seria hora de colocar um ponto final no assunto e Miguel Albuquerque não recorreu da sua pena. E por certo, como habitualmente ocorre nestas matérias, a pena acabaria por ser reduzida ou até mesmo retirada. 

Uma encomenda 


A "investigação" do Correio da Manhã sobre esta matéria foi tão aprofundada, mas tão aprofundada que nem sequer conseguiram dizer que o casal reconciliou-se cerca de um ano antes do caso ir a julgamento (Maio de 2019). Como se isto fosse um pormenor insignificante, não é senhores do Correio da Manhã?

Meus amigos, tudo isto era público e conhecido por toda a gente. Recordo, por exemplo, o caso das agressões a que a comitiva do Sporting foi alvo no Dragão Caixa em Março de 2019, dois meses antes do julgamento. Se bem se recordam, Miguel Albuquerque estava acompanhado... precisamente pela sua ex-mulher. 

Ou seja, depois desse problema conjugal, Miguel Albuquerque e a sua ex-mulher reconciliaram-se e vivem juntos com a filha em comum há mais de dois anos e meio. Eu vou repetir devagarinho a ver se as pessoas percebem. Há dois anos e meio que esta família está unida e ultrapassou os problemas do passado. Virem agora, tanto tempo depois, recuperar esta história e dar amplitude de capa a este assunto demonstra bem os escrúpulos de quem meteu esta encomenda no Correio da Manhã, sobretudo quando pensamos numa família com uma filha adolescente. 

O que eu faria?


Por princípio, sou da opinião que o Sporting não deve ter funcionários com antecedentes criminais e muito menos deve ter funcionários a cometerem crimes. Mas cada caso é um caso, e deve ser analisado à luz de várias vertentes, nomeadamente: as circunstâncias, o comportamento, o histórico no clube e os superiores interesses do Sporting. Por exemplo, se um jogador de futebol profissional cometer um crime, vamos despedi-lo ou vamos tentar encontrar uma solução?

Muito sinceramente, em face dos factos analisados anteriormente, admitiria que o Conselho Diretivo do Sporting tomasse qualquer uma das decisões. Ou a suspensão/despedimento ou a manutenção no cargo. 

Neste caso concreto, até existem várias atenuantes. Miguel Albuquerque cometeu um erro, foi punido por isso e reconquistou as pessoas que mais prejudicou com os seus atos. A sua família perdoou os seu erros e a justiça achou que o seu crime não o deveria ter levado a ser excluído da sociedade, tendo-lhe sido aplicada a pena suspensa. Os mais de 20 anos que leva ao serviço do Sporting têm sido de uma dedicação e competência extraordinária, e não podem ser apagados levemente. 

Perante todos estes factos público, parece-me que poderia perfeitamente continuar em funções com uma repreensão e com a condição que os atos que praticou não são para voltarem a ser cometidos, sejam em que circunstância forem. E julgo que a opinião da maioria dos Sportinguistas vai nesse sentido, até porque na manhã em que a notícia saiu não vi grande manifestações a pedirem a "cabeça" de Miguel Albuquerque.

Mas como digo, eu até aceito que o Conselho Diretivo não pense assim e que não o queira ver ligado ao clube pelo sucedido, por considerarem que estes comportamentos prejudicam o Sporting. Aceitaria perfeitamente uma decisão nesse sentido. Mas, se assim fosse, deveriam ter arranjado uma saída "limpa" para ele, por reconhecimento ao trabalho que tem desenvolvido no Sporting ao longo de duas décadas. Até porque temos outra pessoa envolvido com ligação ao clube. A sua companheira (já suficientemente prejudicada), merecia essa "consideração", até porque o despedimento de Miguel Albuquerque também irá afetar a sua família. Existem várias maneiras de fazer isto a bem, que por certo não será preciso estar aqui a sugerir. Toda a gente sabe como isto se faz. 

Sabiam ou não?


Este é um caso particularmente relevante para a orgânica interna do clube até porque a companheira de Miguel Albuquerque chegou ao Sporting ainda antes dele, tendo por isso, mais de 20 anos de "casa". Miguel Albuquerque tem precisamente 20 anos de Sporting, tendo chegado ao clube com apenas 25 anos. Falamos então de duas pessoas que passaram praticamente toda a vida adulta com o "leão rampante" ao peito. 

Como é lógico, a relação do casal era conhecida de toda a estrutura, tal como era conhecido internamente o processo que opôs o casal, a reconciliação e todos os desenvolvimentos. Que fique claro que nenhum funcionário, diretor ou membro dos órgãos sociais recebeu esta novidade pelos jornais, como foi passado pelo Correio da Manhã, até porque, como vimos em cima, no dia em que o julgamento se iniciou o Correio da Manhã deu essa notícia. 

Bem, o que é um facto é que na campanha eleitoral de 2018, Frederico Varandas não se importou com o caso ou com o processo, tendo utilizado Miguel Albuquerque como trunfo eleitoral. Parece-me até evidente que este apoio foi decisivo para a vitória eleitoral de Frederico Varandas. 

Em Maio de 2019, altura em que o julgamento se iniciou e em que o Correio da Manhã fez a primeira notícia, Frederico Varandas também não se pronunciou sobre o assunto, mantendo tudo na mesma. Quer-nos agora fazer crer o Correio da Manhã, com a encomenda do dia seguinte, que o Sporting ficou muito surpreendido pelo assunto e que por isso suspendeu o dirigente. A realidade é que não consideraram a situação relevante, até que...

"Já foste"


Se dúvidas havia sobre quem "plantou" a notícia no Correio da Manhã, as mesmas ficaram dissipadas nas horas seguintes. Desde logo, pela intervenção rapidíssima do Sporting, que pela hora do almoço já estava a anunciar a suspensão de Miguel Albuquerque. Perante isto, eu pergunto: a suspensão do quadro mais alto do Sporting (clube) é tomada por quem? Pelo Dir. Recursos Humanos ou pelo Conselho Diretivo? Parece-me evidente que nenhum Dir. Recursos Humanos no mundo se meteria nisto. 

Ora, se a responsabilidade é do Conselho Diretivo, eu gostaria de perguntar ao Presidente do Sporting se existiu alguma reunião extraordinária do Conselho Diretivo na quinta-feira de manhã para deliberar sobre esta matéria? Que eu saiba as reuniões do Conselho Diretivo são às terças-feiras. A não ser que a decisão já estivesse tomada, mesmo antes da notícia ter saído...

Na notícia do dia seguinte no Correio da Manhã, onde é passada a narrativa de que ninguém no Sporting saberia da conclusão do processo, percebe-se perfeitamente que a encomenda veio do próprio Sporting. Basta olhar para o pormenor do "continua a receber 3.500€ mensais". E percebe-se que é uma encomenda do Sporting porque toda a gente no clube sabia disto. Esta narrativa do "Clube soube pelo Correio da Manhã", é até facilmente desmontada se pensarmos que a notícia do julgamento saiu em Maio de 2019. Então, de maio de 2019, altura em que o processo foi dado a conhecer a todos os portugueses, até esta semana, ninguém no Sporting se lembrou de ver o estado do processo do Miguel Albuquerque? Ninguém quis saber disso? Estamos agora tão melindrados pela condenação que nos borrifamos durante um ano e meio para o veredito que estava para ser anunciado?  

Recordo apenas que este Frederico Varandas em versão "exterminador implacável" para Miguel Albuquerque é o mesmo sujeito que convidou Fábio Paím para "scout" do Sporting, situação que depois não se veio a concretizar porque Fábio Paím arranjou novo clube. Quando falamos de Fábio Paím, falamos de  alguém que teve um custo brutal e prejudicou gravemente o Sporting. Falamos de alguém que é condenado e que esteve preso por tráfico de droga, mas que Frederico Varandas, do alto da sua bondade quis recuperar para o Sporting há coisa de quatro meses.




Para fechar


Não restam grandes dúvidas que estamos perante um saneamento político. Se não fosse esse o caso, e se a suspensão estivesse diretamente ligada à condenação, Miguel Albuquerque já há muito teria de estar suspenso/demitido. Como é lógico, Miguel Albuquerque era um nome importante do universo leonino e uma eventual candidatura ou apoio a outro candidato seriam sempre muito relevantes num próximo ato eleitoral. Com esta história e com a condenação pública por parte do clube, já assumida em comunicado, Miguel Albuquerque foi ferido de morte para o que quer que seja no Sporting. 

Este é apenas e só mais um tiro político na história recente do Sporting. Em 2018, Bruno de Carvalho e Carlos Vieira foram suspensos e impedidos de ir a votos por uma comissão de fiscalização que não foi eleita pelos sócios. Carlos Vieira, um nome de peso para uma eventual disputa eleitoral, está neste momento a ser impedido de pagar quotas por uma utilização abusiva dos estatutos, para ser impedido de concorrer num próximo ato eleitoral. E agora Miguel Albuquerque, que com esta estratégia vergonhosa é eliminado da corrida. Neste momento, este gente continua a trabalhar para eliminar Augusto Inácio, e muito se têm esforçado, uma vez que oficialmente e oficiosamente este Conselho Diretivo e a sua entourage tudo têm feito para o "ferir de morte", como se provam as encomendas no Correio da Manhã relativas a um "processo fiscal", a encomenda no Record com o "caso Sinisa Mihajlovic, ou até mais recentemente, as declarações de Miguel Braga, diretor de comunicação do Sporting há coisa de dois meses. 

E assim segue a nossa vida interna. No final do dia, quem perde é sempre o Sporting, mas não é altura para lamentos porque foi este o caminho que os sócios do Sporting escolheram seguir.  

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segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Um regabofe


Mas há algum Sportinguista que tenha ficado surpreendido com o regabofe do último clássico? Comecemos pela análise aos principais lances da partida.

Expulsão perdoada a Zaidu aos 20 minutos


Desculpem lá, mas qual é a dúvida que esta entrada é para cartão vermelho direto? Sinceramente, qual é a dúvida? Entrada de sola no tornozelo do adversário podendo causar-lhe uma grave lesão não é para vermelho direto? Será que não há ninguém neste país que tenha visto que o Porro ficou debilitado para o resto da partida? Não foi visível o esforço do jogador, que andou a mancar durante o resto da primeira parte de forma bastante evidente?

Eu aceito que Luís Godinho não se tenha apercebido da gravidade da entrada. Agora, quem tinha de se aperceber disso seria sempre o VAR da partida, Tiago Martins. Obviamente, este lance deveria ter sido analisado pelo VAR e o Porto ficaria a jogar com 10 jogadores numa fase em que o Sporting estava na frente do marcador. Se isto não é decisivo e um erro gravíssimo com influência no resultado final, não sei o que será.  

Mas há "especialistas" que viram algo completamente diferente.

Eu bem sei que o corporativismo destes "experts" faz com que vejam sempre os lances em função da defesa do árbitro, mas tem de haver limites. Durante o campeonato veremos dezenas de lances deste género que serão analisados com cartões vermelhos e cá estarão os especialistas a dizer que o árbitro decidiu bem. Vai uma aposta?

Penálti sobre Pedro Gonçalves


 
Luís Godinho foi perentório a assinalar pontapé de penálti. Ora, para existir uma reversão da decisão, e de acordo com o protocolo, o VAR teria de considerar a decisão de Luís Godinho como um erro grosseiro. Algo que me parece evidente para todos que não se insere nessa condicionante, logo, o VAR nunca poderia ter intervindo. Ou seja, o protocolo foi atropelado. 


Em traços gerais, todos os "experts" seguem a narrativa da intensidade para justificarem a não marcação do pontapé de penálti. Na mesma medida, se o VAR não tivesse revertido a decisão, aposto que estariam todos ao lado da decisão de Luís Godinho. Seria algo do género: "lance difícil, mas aceitamos a decisão do árbitro que estava a acompanhar a jogada de perto". 

O dia seguinte, ao "dia seguinte" 


Hoje, a comunicação do Sporting lá colocou nos jornais amigos da Cofina "novas imagens" do lance. Umas "novas imagens" que de novas não têm nada, porque são as mesmas que todos vimos. Há é gente que não quer ver, que é diferente. 

Foi com expetativa que esperei para folhear a análise a estas "novas imagens". Foi então que ao abrir o Correio da Manhã fui brindado pelos sábios conhecimentos de Marco Pina, camarada político de Frederico Varandas em Odivelas.


Para Marco Pina "o lance ultrapassa os parâmetros" para análise pelo VAR, mas "no fim foi tomada a decisão mais correta". Basicamente, temos um expert de arbitragem a dizer que se "lixe o protocolo", porque foi "mais correto". Portanto, atropela-se a lei só porque se acha "mais correto". Está certo, está. Este deve ter aprendido lá para os lados do Estádio da Luz. A partir de amanhã também passarei a viajar sempre na TAP e a não pagar o meu bilhete. Uma vez que os meus impostos servem para pagar as constantes brincadeiras na companhia aérea, acho o "mais correto".
 
Relativamente a ser falta ou não, peço só para os leitores olharem para o pé esquerdo do Pedro Gonçalves quando entra em contato com o solo. Digam-me se aquilo é de um jogador que está equilibrado e disponível para jogar a bola. Imagem segue de seguida:

Para que não restem dúvidas da minha opinião sobre o lance. Visto ao pormenor é lance de pontapé de penálti. Contudo, aceitava que o árbitro não tivesse assinalado, o que também não seria passível de análise pelo vídeo-árbitro, por entrar na tal esfera da interpretação. Agora, não posso aceitar de forma alguma o que Tiago Martins fez. Ainda para mais tendo esse sujeito o histórico que tem, não só com o Sporting, mas no futebol português.  

Relativamente à expulsão de Rúben Amorim, ninguém poderá opinar em posse dos factos porque não se sabe o que foi dito. Analisados os principais lances de arbitragem, há muito mais para dizer.

Em que ponto da "teoria Varandiana" estamos?

No final da partida, e bem, Frederico Varandas veio a terreiro criticar o trabalho da equipa de arbitragem. Inacreditavelmente, foi preciso esperarmos dois longos anos para que o Presidente Frederico Varandas tivesse a noção do que se passa na futebol português. Mas, mais vale tarde do que nunca, com sorte só temos de esperar mais um ou dois anos até ele perceber que o Sporting precisa de 2 grandes pontas de lança de grande nível para atacar o título, tal como os nossos rivais têm. 

Mas, não posso deixar de salientar a vergonha que me causa ver o Presidente do Sporting falar nos processos dos rivais, quando teve a distinta lata de não recorrer do processo e-toupeira, onde o Sporting e os seus funcionários foram gravemente prejudicados. O mesmo Frederico Varandas que nem sequer colocou um processo ao Benfica pela tentativa de contratação de Bruma à margem dos regulamentos da FIFA, como ficou bem explícito nos emails do Benfica, que agora serão apagados, sem que o Sporting se tenha ainda pronunciado sobre o assunto.  

Dois longos anos onde andou a defender a arbitragem e a dizer que só havia três formas de lidar com a derrota...


Nesta categorização Varandiana, qual terá sido a forma como o Sporting lidou com este desaire? Terá sido com dignidade, com histerismo ou com cobardia? 

As "influências"


Hoje, Bernardo Ribeiro, no seu editorial no Record diz que:


Meus amigos, o Sporting nem sequer tem influência para conseguir que "experts" do apito vejam aquilo que o comum adepto de futebol consegue ver, quanto mais tem influência sobre o que quer que seja. Uma influência cada vez menor porque Frederico Varandas, o tal homem que "sabe tudo sobre futebol", entendeu que com uma política de punho rendado, digna de "gente de bem" e de "gente que sabe estar" iria conseguir fazer do Sporting campeão, perdão, fazer o Sporting ficar num lugar de acesso à Champions, que parece ser o objetivo traçado. 



Exemplo paradigmático desta total falta de influência e capacidade está no despedimento de Pedro Henriques e Hernâni Fernandes, vistos por estes génios da gestão e política desportiva como dispensáveis. Frederico Varandas não percebeu que ao cortar com estes dois colaboradores estava a matar um mercado de emprego para ex-profissionais da arbitragem. Estava a retirar dignidade a essas posições e a ameaçar um rendimento futuro da classe.Se há setor onde o corporativismo se faz sentir é no da arbitragem e a resposta tem sido dada em campo, como se tem visto.

Falamos de uma "área" onde o Benfica tem António Rola, o Porto tem António Perdigão e até o Braga tem Cosme Machado. Curiosamente, Frederico Varandas decide agora contratar um completo "desconhecido" como "especialista" de arbitragem. Veremos o que vem por ai, mas a coisa promete.


E agora?


Mas há alguém que consiga descortinar algum tipo de estratégia nesta atuação ziguezagueante do homem que dizia "saber tudo sobre futebol"? No diz e não diz, Frederico Varandas continua sem dizer "tudo o que sabe sobre 15/16", mas temos tempo. Mais meia dúzia de anos e chegará lá. 

Vejo hoje muitos Sportinguistas a dizerem que o Sporting não tem influência nos centros de decisão. Só hoje acordaram para a vida? Não tem porquê? Frederico Varandas e seus pares têm feito alguma coisa por isso? Frederico Varandas nem sequer tem influência para conseguir que um seu camarada político deixe de dizer as barbaridades que diz sobre o Sporting, que fará para o resto. 

Se não sabem, ficam a saber que na última Assembleia Geral da Liga o nome do Sporting foi enxovalhado por António Salvador e ninguém defendeu o clube, porque nem sequer nos fizemos fizemos representar ao mais alto nível. Na penúltima, aconteceu ainda algo mais inacreditável, uma vez que foram todos de férias e em cima da hora tiveram de mandar o "porteiro" em representação do Sporting. É este o nível de profissionalismo do Presidente Varandas e da sua equipa. Quem tem atitudes de completo alheamento em relação ao futebol português pode esperar o quê? 

Sinceramente, estamo-nos a queixar do quê, se nós nem sequer aparecemos nas reuniões onde se decide o futuro do futebol português? O Sporting de Frederico Varandas é tão mesquinho que até tudo tentou para impossibilitar a entrada de Rui Caeiro (antigo membro do Conselho Diretivo) na estrutura da Liga. É melhor ter lá um Sportinguista ou um daqueles artistas do Benfiquistão? É assim que se defendem os interesses do Sporting?

Mas alguém já viu alguma proposta de Frederico Varandas para a melhoria da arbitragem portuguesa? Mas alguém sabe qual é a posição política do Sporting em relação à FPF, à Liga e restantes órgãos de decisão? Mas alguém viu um tomada de posição firme do Sporting em relação aos regresso dos adeptos aos estádios? Com adeptos no estádio, o Sporting não ficaria mais forte? Não faríamos mais pressão sobre as equipas de arbitragem, não daríamos mais apoio aos nossos jogadores? Quem é o Presidente que todas as semanas vem a terreiro pedir o regresso dos adeptos? É Pinto da Costa ou Frederico Varandas? Até quando a guerra com as claques vai coartar a defesa dos superiores interesses do Sporting? 

Meus amigos, o Sporting ficou em 4o lugar e Varandas não deu a cara. Durante o defeso o clube foi humilhado diariamente por dever a toda a gente e Varandas não deu a cara. O Orçamento e Relatório e Contas foram chumbados e nem uma palavra. O Sporting foi humilhado em casa por uns pernetas da Áustria e eliminado da Liga Europa e nem um postzito de Instagram. Pedidos de assembleia-geral para a sua destituição e nada. 

Estamos à espera do quê? De milagres? Quem foi o Presidente que guardou no bolso durante semanas uma entrevista num canal generalista para 48 antes do clássico? Foi Pinto da Costa ou Frederico Varandas? Pois é meus amigos, até parece fácil, mas não é para estagiários com a soberba de dizerem que o "futebol é fácil". 

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sábado, 10 de outubro de 2020

O "Trabalho invisível"

Todos os dias os Sportinguistas são brindados com uma nova fantochada por parte da Conselho Diretivo e da Administração da Sporting SAD. Ontem, o brinde saiu através da capa do Jornal Record e do Correio da Manhã, os jornais amigos da Cofina. 

A Capa


"Sporting processa Benfica". Uma manchete absolutamente explosiva do Jornal Record. Devo confessar que adoro imagem escolhida pelo Record para ilustrar Frederico Varandas. Um homem pensativo a olhar para o futuro. Um futuro com "cabeça, membros e pernas". Uau, que grande líder. Melhor do que isto, só colocando uma daqueles fotografias que Frederico Varandas publica no seu Instagram dos tempos de tropa. Para a próxima pensem nisso, amigos do Jornal Record. Dava-lhe um ar mais bélico. 

Na capa do Correio da Manhã, a mesma narrativa do "Sporting processa Benfica".

Bem, eu admito que quem esteja pouco familiarizado com a vida interna do clube olhe para esta capa e pense algo do género: "Muito bem a direção do Sporting a atacar o Benfica". É precisamente esse o efeito pretendido pelos jornais oficiais de propaganda de Frederico Varandas. Só que da propaganda à realidade vai uma longa distância. 

Trabalho invisível


Vejamos a notícia do Record com olhos de ver.


Portanto, o incêndio no estádio da Luz ocorreu em 2011, nos tempos do Presidente Godinho Lopes. O processo correu na justiça desportiva e em 2013 o Sporting foi condenado a pagar 360 mil euros pelos prejuízos. Em 2015, já com o Presidente Bruno de Carvalho, o Sporting avançou com uma ação no Tribunal Judicial de Lisboa por discordar que os prejuízos tenham sido imputados na totalidade ao Sporting. Em 2017, o tribunal rejeitou as pretensões do Sporting, mas deu como provado que o momento da evacuação dos adeptos do Sporting foi decidido pela PSP. Razão pela qual o Sporting recorreu para o Supremo Tribunal de Justiça, que agora terá deliberado que o processo regresse à primeira instância para nova deliberação. 

Ou seja, falamos da mesma ação interposta pela direção de Bruno de Carvalho em 2015, e que está a correr a sua tramitação legal, tendo agora "descido" novamente à 1ª instância por decisão do Supremo Tribunal de Justiça. E aqui não há nada a dizer da notícia em si, uma vez que são dadas informações corretas. O problema está na chico-espertice utilizada nas capas do Record e do Correio da Manhã.

Que fique claro que Frederico Varandas e a sua direção não processaram o Benfica. Aliás, neste caso em concreto não mexeram mesmo uma única palha. Bem, tendo em conta o histórico de Frederico Varandas e seus pares, até foi bom, não fossem eles estragar o trabalho feito anteriormente nesta matéria. Portanto, neste caso nunca poderia ser aplicado o "Sporting processa Benfica". Quanto muito, poderiam aplicar um "Sporting processou Benfica", mas isso seria dar uma notícia com 5 anos de atraso.

Para fechar

Curiosamente, esta encomenda na capa do Record surge no dia seguinte à apresentação dos números relativos às transferências de jogadores no mercado de verão. Quando a agenda mediática deveria estar marcada pela análise a esses números, à qualidade dos jogadores contratados, e sobretudo, aos jogadores que ficaram por contratar, o Sporting coloca no colo da Cofina um tema para se sobrepor a estas matérias.

Como quem não quer a coisa, recauchutam comportamentos incorretos das claques em 2011 e recordam a guerra interna que travam contra elas, adicionando à receita um pedido em tribunal de abandono das sedes. Parece-me evidente que esta é na realidade a única luta que querem travar. A luta que lhes interessa é contra as claques e não contra o Benfica. Se os "encarnados" fossem o alvo, o Sporting de Frederico Varandas teria recorrido do processo e-toupeira e teria processado o Benfica pelo caso Bruma. Vergonhosamente, não o fizeram. 

Este novo livro da luta contra as claques teve hoje o seu preludio, mas rapidamente entraremos a sério nos capítulos principais deste livro, com o mais que previsível regresso dos adeptos aos estádios, a curto prazo. Se já antes da pandemia andavam a enxovalhar sócios com Gamebox na Superior Sul, obrigando-os a tirarem os sapatos para entrarem na sua casa, esperem para ver a forma como vão tentar condicionar a atribuição de bilhetes para excluírem de Alvalade adeptos indesejáveis, carinhosamente tratados por "escumalha". 

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terça-feira, 6 de outubro de 2020

Chumbo grosso

Este artigo tinha publicação prevista para a manhã do dia da Assembleia-Geral, mas devido aos tardios esclarecimentos por parte do Conselho Diretivo em relação ao Orçamento e Contas - só foram dados por volta das 22h30 da véspera da AG - e a um imprevisto pessoal, não me foi possível terminar o artigo em tempo "útil", para os diversos leitores que me pediram para escrever sobre o assunto. De qualquer forma, expressei o meu sentido de voto através do twitter, mas sem justificações. Essas, apesar de a tarde e más horas, seguem de seguida.

Orçamento de 2020/2021 para aprovar

Para 2020/2021, o Conselho Diretivo apresenta aos Sportinguistas mais uma enorme redução de rendimentos, que se cifram agora na casa dos 21,464 milhões de euros (redução de 5 milhões face a 18/19), que irão certamente desaguar numa menor capacidade competitiva das equipas, nomeadamente em termos internacionais, uma vez que nas competições domésticas os nossos rivais vivem situação idêntica e devemos estar aptos a competir em praticamente todas as modalidades. 

Relativamente a este orçamento, e em face da pandemia, voto favoravelmente o que foi proposto. Não por considerar que é um bom orçamento, mas por considerar que as circunstâncias são realmente difíceis  num contexto de pandemia, sendo muito complicado fazer previsões neste clima de incerteza. Adicionalmente, a incapacidade deste conselho diretivo foi evidente em tempos "normais" e não será agora em tempos absolutamente anormais que vão conseguir fazer o que não fizeram quando existia condições para o fazerem. Vejo sempre a votação contra um orçamento como a manifestação que o caminho proposto não é correto. No caso, trata-se de um orçamento para "levar o barco", e não um orçamento com uma política estrutural para o clube, como ocorreu no ano passado. Portanto, não vejo interesse ou benefício em votar contra. 

De qualquer forma, os sócios são soberanos e decidiram chumbar o Orçamento. Desta parte estamos conversados. Passo de seguida para as contas de 2019/2020.

A execução orçamental de 2019/2020

Começo por uma breve análise à execução orçamental do exercício de 2019/2020. No quadro seguinte poderão ver a comparação entre os rendimentos e gastos orçamentados e o que na realidade foi executado. 

Como podem verificar, tivemos um decréscimo proporcional entre rendimentos e gastos, na casa dos 1,4 milhões de euros, entre o orçamento e a execução. No ReC apresentado, o Sporting justifica estes decréscimos com a Covid-19, chegando mesmo a quantifica-los. Vejamos: 

Na redução de rendimentos, o Sporting diz que perdeu 1,432 milhões de euros de rendimentos, por força da pandemia, que foram compensados por 1,272 milhões de euros, fruto do processo de lay-off e de outros cortes. 

Se na parte da redução dos custos são números perfeitamente justificáveis e fáceis de contabilizar, porque se sabe exatamente os montantes relativos ao lay-off, etc, o mesmo não se pode dizer na estimativa apresentada para a redução das receitas, porque nestas rúbricas existem muitos fatores aleatórios associados. 

Não tenho mesmo problema algum em dizer que não acredito minimamente na estimativa apresentada pelo Conselho Diretivo, no que diz respeitos à redução de receitas por via da pandemia. Acho sinceramente que aproveitaram a pandemia para justificar a enorme perda de rendimentos que já vem desde o dia em que pegaram no clube. Mas esta é a minha opinião pessoal, que retirarei da equação para a análise seguinte. 

O efeito "E" - Extras e Estimativas

Se estão bem recordados, no ano passado fiz uma publicação onde pela primeira vez defendi o chumbo num Orçamento do Sporting (aqui). O motivo pelo qual o fiz esteve relacionado com a redução de rendimentos e sobretudo do corte no orçamento para as modalidades. 

Se recuarmos a 2018/2019, percebemos que o Sporting obteve rendimentos de 26,334 milhões de euros. Nas contas agora apresentadas, referentes a 2019/2020, os rendimentos sofreram um decréscimo superior a 4 milhões de euros (26,334M - 22,286M = 4,048 milhões de euros). Contudo, há aqui alguns pontos que merecem uma análise mais cuidada.

No exercício de 18/19 tivemos um "extra" grande, relacionado com direitos de formação de Cristiano Ronaldo, que renderam ao clube 1,675 milhões de euros, razão pela qual considerarei apenas 24,659 milhões de euros de rendimentos em 18/19. Portanto, retirando Ronaldo da equação de 18/19 a diferença total entre rendimentos de uma época para a outra situar-se-ia nos 2,3 milhões de euros. 

Obviamente, também não me esqueço dos efeitos da pandemia. Apesar de não acreditar na estimativa de rendimento perdido pela Covid-19, considerarei nesta análise o número avançado pelo Conselho Diretivo. Ora, acrescentando aos rendimentos efetivamente obtidos à tal estimativa de rendimentos perdidos pela pandemia (os tais 1,432 milhões) ficaríamos com um rendimento total em 19/20 de 23,793 milhões de euros. 

Portanto, em 18/19 sem "extra" de Cristino Ronaldo teríamos rendimentos de 24,659 milhões de euros. Em 19/20, somando aos rendimentos efetivamente obtidos, à tal estimativa teríamos rendimentos de 23,793 milhões de euros. Ou seja, em circunstâncias semelhantes, estaríamos perante uma perda de rendimento de 866 mil euros. 

Completamente... incapazes

Um diferença de 866 mil euros de rendimentos de um ano para o outro é sempre preocupante e negativa, mas não tiraria o sono aos Sportinguistas. O problema é que o exercício de 19/20 teve também ele um enorme rendimento "extra", relacionado com a renumeração de sócios, que originou o regresso de 8.141 sócios, representando uma receita adicional de 1,164 milhões de euros, como informou o próprio Conselho Diretivo.

Portanto, sem renumeração, estaríamos a falar de uma quebra nas quotizações de 1,164 milhões de euros. Ou seja, se retirarmos da análise os rendimentos "extras" relacionados com Ronaldo/Renumeração e a estimativa das quebras de rendimentos relacionada com a pandemia, perceberíamos que de 18/19 para 19/20 o Sporting perdeu 2,030 milhões de euros em rendimentos

Este é o exemplo perfeito para ilustrar a incompetência deste conselho diretivo, que não consegue aumentar os rendimentos nem do clube, nem da SAD. É até muito fácil os sócios do Sporting perceberem isso através de uma pergunta: Que grande acordo ou parceira fez Frederico Varandas e seus pares para benefício do Sporting? A resposta é "bola", como diria Jorge Jesus, mas se quiserem podem inserir aqui a piada com os 2 milhões de euros estourados num protocolo com o Wolves.

Por fim, quero apenas deixar-vos com o exemplo do que seria possível fazer com os 2 milhões de euros de rendimentos que este Conselho Diretivo perdeu. Dava por exemplo para contratar 20 atletas com um vencimento de 100 mil euros por época. Para quem não está por dentro dos valores pagos nas modalidades, um vencimento destes paga um super craque em qualquer das modalidades do clube. Assim de cabeça, parece-me que não devemos ter mais de 2 ou 3 jogadores a auferirem valores dessa grandeza. Portanto, já imaginaram o nível competitivo que um valor destes permitiria às nossas equipas?

Permitiria, por exemplo, que a Volta a Portugal, que ontem terminou, tivesse em prova as míticas camisolas verdes e brancas, envergadas no passado por Joaquim Agostinho ou Marco Chagas. Gente que levou o Sporting até onde o clube nunca tinha estado verdadeiramente e que fizeram uma página tão grande e bonita da história do clube. Mas não, Frederico Varandas e seus pares preferiram acabar com o ciclismo sem sequer darem uma satisfação aos sócios do Sporting. Uma canalhice e uma indignidade.

Perante isto, e uma vez que já tinha votado contra o Orçamento de 18/19, não me restaria outra opção que não estar contra esta apresentação de contas. E para isso nem preciso entrar pela célebre questão da dívida do clube à SAD, que ficará para uma análise futura, assim como os resultados da Assembleia Geral. 

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