sábado, 29 de dezembro de 2018

As contas da qualificação para a Final 4 da Taça da Liga


O Sporting joga em Santa Maria da Feira a qualificação para a Final 4 da Taça da Liga, fase que será realizada em Braga entre 19 e 26 de Janeiro. Infelizmente, a derrota frente ao Estoril em Alvalade - que ditou a saída de José Peseiro - complicou as contas do Sporting que não depende exclusivamente de si para conseguir a qualificação. Aqui ficam essas contas.

Classificação actual



Neste momento o Feirense é a única equipa que depende só de si para conseguir a qualificação para Final 4 da Taça da Liga. Um empate com o Sporting é suficiente para os fogaceiros conseguirem a qualificação.

As contas do Sporting


Para ter possibilidades de se qualificar o Sporting tem obrigatoriamente de vencer a partida frente ao Feirense. Qualquer outro resultado que não seja a vitória, garante a eliminação dos detentores do troféu. Mas mesmo vencendo, a qualificação não é garantida. Aqui ficam os cenários:

Cenário 1: Sporting vence e Estoril não ganha
Neste caso, Sporting e Feirense ficam com os mesmos pontos na liderança. O primeiro critério de desempate é a diferença de golos. Vencendo o Sporting fica com uma diferença de golos melhor do que a do Feirense e consegue a qualificação.

Cenário 2: Sporting e Estoril vencem as partidas
Neste caso, Sporting, Estoril e Feirense ficam com o mesmo número de pontos. O primeiro critério de desempate é a diferença de golos. O segundo critério são os golos marcados. Para o Estoril se qualificar tem de vencer por uma margem de dois ou mais golos e esperar que o Sporting vença com uma margem de golos inferior à da vitória do  Estoril. 

O 3º critério de desempate

Existe ainda a possibilidade de haver a necessidade de recorrer ao terceiro critério de desempate. Os números finais dependem dos jogadores utilizados pelas diversas equipas nos jogos da última jornada. De qualquer forma deixo os dados relativos às duas primeiras jornadas:

1º Estoril com média de 25,46 anos;
2º Feirense com média de 26,21 anos;
3º Sporting com média de 26,64 anos.

Ganhar e jogar com a média de idades


O objectivo tem de passar por vencer a partida pelo maior número de golos possível para conseguir mos estar na final 4 em Braga a defender o título conquistado na época passada. 

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quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

O jogo do "empurra" no processo e-toupeira


Os indícios versados no processo e-toupeira são fortíssimos e colocam em causa a justiça, o estado de direito, a democracia e o sistema de justiça português. É surreal pensarmos que é possível "comprar" informações de processos judiciais em curso, possibilitando a pessoas singulares e colectivas providenciarem diligências no sentido de subverter o normal desenrolar dos processos. 

O denominador comum


Infelizmente, este não é o único caso a correr na justiça portuguesa sobre esta temática. Importa recordar que o processo e-toupeira surge depois de se ter iniciado a operação Lex. Um processo que envolve a compra de juízes e em que estão em causa crimes de corrupção, recebimento indevido de vantagem, branqueamento, tráfico de influências e fraude fiscal qualificada. 

Como sabem, no âmbito da operação Lex, o juiz Rui Rangel foi indiciado por crimes de tráfico de influência, por alegadamente ter influenciado decisões judiciais. Curiosamente, estamos a falar de um caso onde Luís Filipe Vieira também é arguido, por alegadamente ter pedido a Rui Rangel para interceder num processo jurídico pendente no tribunal administrativo e fiscal de Sintra, no valor de 1,6 milhões de euros. Em troca desta "ajuda", o presidente do Benfica terá oferecido um "cargo remunerado na futura direcção da escola Benfica e da universidade do clube". Para além destes cargos, Vieira terá também oferecido a Rangel tratamento VIP. Segundo os indícios tornados públicos, Rangel "passaria também a ser uma espécie de convidado VIP das viagens do Benfica ao estrangeiro para ver os jogos das competições internacionais". 

Falamos de um caso onde também está envolvido Fernando Tavares, actual vice-presidente do Benfica, com o pelouro das modalidades.

Luís Filipe Vieira, Rui Rangel e Fernando Tavares no jantar de comemoração do aniversário da presidência de Luís Filipe Vieira em Novembro passado.

Ora, neste momento o país está perante dois casos que colocam em causa o nosso sistema de justiça.  Um em que se compram funcionários judiciais e outro em que se compram juízes. O denominador comum é precisamente o Benfica, através de altos quadros como são Luís Filipe Vieira, Fernando Tavares e Paulo Gonçalves. Deve ser coincidência...

A envolvência do presidente do Benfica - condenado por roubo - e de um dos seus vice-presidentes num caso de "compra" de juízes, torna ainda mais vergonhoso o facto de a senhora juíza ter decidido nem sequer levar o Benfica julgamento, utilizando para isso argumentos absolutamente surreais. Sobre essa matéria já escrevi (aqui), e mais haverá a dizer em próximos posts.

Mas há outra coisa que custa muito aceitar e que passa pela forma como a instrução foi conduzida pela senhora juíza Ana Peres. 

O jogo do "empurra"


Link da notícia (aqui)

O debate instrutório foi inicialmente marcado para 26 de Novembro (2ª feira), só que a senhora juíza decidiu adiar uma semana, para 3 de Dezembro. 

Link da notícia (aqui)
Passado o debate instrutório, a juíza Ana Peres anunciou que a decisão seria tomada no dia 13 de Dezembro (quinta-feira). A 11 de Dezembro e a dois dias do anúncio, Ana Peres decidiu adiar o anúncio da decisão por mais uma semana, para 20 de Dezembro (quinta-feira). 

Link da notícia (aqui)

Chegamos ao dia 20 (quinta-feira) e por volta do meio dia, eis que a senhora juíza anunciou o terceiro adiamento no processo de instrução. O anúncio da decisão passou então a estar marcada para o dia seguinte, 21 (sexta-feira). 


Um bom natal para todos


Portanto, somados estes 3 adiamentos na fase de instrução, concluímos que a senhora juíza necessitou de 11 dias úteis adicionais para proferir uma decisão. Se recuarmos os tais 11 dias úteis, ficamos a perceber que a decisão teria sido anunciada a 6 de Dezembro, ou seja, 15 dias antes do dia em que foi anunciada. 

O timing em que as notícias são publicadas ou decisões são anunciadas, é algo absolutamente fundamental na gestão da agenda mediática. Como exemplo, é fácil percebermos que o mês de Agosto e o período festivo de final de ano - com a celebração do Natal e do ano novo - são fases muitos suaves em termos mediáticos. 

Se olharmos para a cobertura dada à decisão da instrução do processo e-toupeira, ficamos com a imagem perfeita. A decisão foi sendo adiada até ao último dia útil antes da quadra natalícia (sexta-feira, 21). Depois do anuncio da decisão, pouco mais do que as habituais notícias sobre o tema foram feitas. Não se viram painéis com experts desportivos, nem análise jurídica, nem os habituais longos debates que ocupam as noites de inicio de semana. Absolutamente nada de relevante. O assunto morreu em pouco tempo, porque há que celebrar a quadra festiva e ninguém quer falar destas coisas "chatas" numa fase destas.

Normalmente, estas jogadas mediáticas são uma especialidade do poder político. Não quero acreditar que o poder judicial também queira aproveitar estas ondas mediáticas para esconder uma decisão vergonhosa do escrutínio publico, mas começo a ser tentado a acreditar. A realidade é que não consigo encontrar uma justificação válida para o processo ter sido adiado tantas vezes. Não consigo encontrar uma justificação válida para que num processo desta importância a senhora juíza não tenha tido um comportamento irrepreensível, cumprindo todos os timings definidos previamente. E muito menos consigo encontrar uma justificação válida para se empurrar a decisão para o último dia útil antes das festividades natalícias. Provavelmente, será tudo "coincidência". 

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domingo, 23 de dezembro de 2018

A justiça do "colete encarnado"


Depois de uma série de adiamentos na fase de debate instrutório e até na leitura da decisão (adiada por duas ocasiões), chegou finalmente o dia em que a juíza Ana Peres decidiu anunciar aos portugueses a sua decisão relativamente ao processo e-toupeira.

A decisão


Público 22/12/2018
A juíza Ana Peres decidiu não pronunciar a Benfica SAD e Júlio Loureiro pelos crimes que estavam indiciados. José "toupeira" Silva foi indiciado de 26 crimes dos 77 que estava acusado e Paulo Gonçalves foi indiciado de 29 crimes do 77 crimes que foi indiciado pelo MP. 

Benfica SAD ilibada


O principal destaque da leitura da decisão instrutória vai obviamente para o facto de juíza Ana Peres ter decidido ilibar a Benfica SAD dos 30 crimes de que era acusada pelo MP. Devo começar por dizer que esta decisão até poderia ser aceitável, desde que Paulo Gonçalves também fosse ilibado dos crimes pelos quais estava indiciado pelo MP, nomeadamente no crime de corrupção activa. Não foi isso que aconteceu.

Portanto, a juíza pronunciou Paulo Gonçalves por corrupção activa mas ilibou a Benfica SAD do mesmo crime. E é aqui que os portugueses ficam absolutamente perplexos com a decisão da juíza. Vamos por partes.

Duas faces da mesma moeda


O ministério público considerou que a responsabilidade criminal do Benfica está assente nos pressupostos das alíneas a) e b) do número 2 do artigo 11º do código penal. Vejamos:


Segundo o código penal há dois pressupostos possíveis para que a Benfica SAD tenha responsabilidade directa nestes crimes. 
1 - Os crimes foram cometidos em nome do interesse do Benfica SAD ou de pessoas que ocupem posição de liderança; ou
2 - A administração da SAD tivesse violado os deveres de vigilância ou controlo que lhe incumbia sobre a actividade de Paulo Gonçalves. 

Basta que um destes pressupostos se verifique para que a Benfica SAD tenha de responder pelos actos de Paulo Gonçalves. Passo a analisar cada uma destas alíneas.

Alíena a) - Crimes cometidos em nome do interesse do Benfica 


De acordo com o que saiu na imprensa, a senhora juíza considerou, e passo a citar: "Os crimes imputados a Paulo Gonçalves nada têm a ver com o interesse coletivo da sua entidade patronal".

Sim, leram bem. Esta é a opinião da juíza. Vejamos agora o que diz a alínea a) do artigo 11º do código penal: Começa com um "em seu nome" - (nome da Benfica SAD). Ora, é fácil perceber que tudo foi feito em nome do Benfica. Quando se dá bilhetes para jogos no Estádio da Luz, acessos VIP para zonas privilegiadas no mesmo estádio, acesso a zona reservada aos jogadores, bilhetes para os jogos fora do Benfica, camisolas e outro material desportivo do Benfica e até  promessas de emprego para familiares no museu do Benfica, está-se a usar que nome? Do Carcavelinhos? Se calhar, a juíza acredita que se fosse um responsável do Carcavelinhos a utilizar o mesmo expediente, as toupeiras tinham cometido na mesma os crimes que foram indiciados, não!? 

Para além dos crimes serem cometidos em nome da instituição a alínea a) refere também a necessidade da existência de "interesse colectivo". Obviamente, o Benfica SAD tem interesse em saber de forma antecipada tudo o que ocorreu em dezenas de processos judiciais relacionados com a Benfica SAD, processos de rivais e outros agentes relacionados com o desporto. O caso dos vouchers, dos emails, jogos para perder envolvendo o Benfica, Jogo Duplo, processo de oferta de bilhetes do Benfica a funcionários do SEF, processo do IPDJ contra claques do Benfica, processos relacionados com o Porto, o célebre processo do Sporting contra a Doyen, um processo que envolvia o jogador Fejsa, um processo que envolve Hugo Gil, outro relativo a César Boaventura e até um processo em que Luís Filipe Vieira estava envolvido, entre muitos outros. 

Eu pergunto, saber tudo isto em primeira mão, muitas vezes antes de as diligências serem efectuadas não é do interesse da Benfica SAD? Quando um juiz concede um mandato de buscas para a SAD do Benfica ou para alguém relacionado com o clube não é do interesse do Benfica saber disso de forma antecipada, para se conseguir preparar convenientemente? Claro que é. 

Para fechar, a alínea a) refere claramente "pessoas que ocupem uma posição de liderança na sociedade". Toda a gente sabe que Paulo Gonçalves é o braço-direito de Luís Filipe Vieira. Tanto assim é que muitas vezes cumpriu até o papel de representação oficial do presidente do Benfica nas mais importantes esferas do futebol nacional e internacional, nomeadamente em reuniões da Liga, da FPF e da UEFA.

Posto isto, a juíza tem a lata de dizer que os crimes "nada têm a ver com o interesse da Benfica SAD"!? Não? Então tem a ver com o interesse de quem? Do Carcavelinhos? Os processos consultados são todos relacionados com clubes rivais, com o próprio Benfica e com agentes desportivos e não tem a ver com o interesse da Benfica SAD!? 

Mas, até vamos dar de barato e aceitar a teoria do Benfica que diz que Paulo Gonçalves não tinha qualquer peso na liderança da Benfica SAD. Para esses casos a lei dá uma outra alternativa que é precisamente a alinea b) do tal artigo 11º do código penal. 

Alínea b) - Violação dos deveres de vigilância


A alínea b) refere-se ao dever e à função de a liderança da estrutura controlar e vigiar as condutas desenvolvidas por subalternos. Controlo que passa por garantir que os subalternos desenvolvam a sua actividade dentro do interesse da pessoa colectiva, mas sem que sejam ultrapassadas as barreiras legais. Como é lógico, só se enquadra na alínea b) se os crimes praticados sejam do interesse da sociedade, como acontece neste caso. 

Nos relatos da imprensa está uma pérola que consubstancia a desculpa para a qual a senhora juíza decidiu não enquadrar na alínea b) os crimes sobre os quais Paulo Gonçalves responderá em julgamento. Ana Peres diz que "os crimes imputados a Paulo Gonçalves foram praticados fora do exercício das funções". Mas que raio quer isto dizer? Não estão todos os crimes fora do exercício das funções de todos nós? Ou a juíza acha que faz parte das funções de algum funcionário cometer ilícitos criminais para benefício da sociedade que representa? 

Mas este argumento até é fácil de desmontar. Ora, se os crimes foram praticados fora do exercício das funções, como diz a senhora juíza, eu pergunto: como se justifica que Paulo Gonçalves tenha utilizado as suas funções para conceder as benesses às toupeiras? Paulo Gonçalves utilizou ou não as suas funções para arranjar os bilhetes (jogos na Luz e jogos fora no norte do país) para as toupeiras? Paulo Gonçalves utilizou ou não as suas funções para oferecer material do Benfica às toupeiras? 

Tudo bem, a senhora juíza até pode acreditar que Paulo Gonçalves foi à loja do Benfica comprar o material do Benfica pagando-o do seu bolso. A senhora juíza até pode acreditar que Paulo Gonçalves comprou todos os bilhetes para os jogos do Estádio da Luz do seu bolso. No limite até pode acreditar que Paulo Gonçalves deslocou-se às bilheteiras de diversos estádios no norte do país e comprou do seu bolso bilhetes para oferecer às toupeiras. Ninguém acredita nisto, mas até vou dar de borla, até porque há algo que só é possível conseguir através do tal "exercício das funções". Como sabemos há uma promessa de emprego para um sobrinho da toupeira e há também acessos a zonas interditas ao público para que as toupeiras pudessem estar com os jogadores. Portanto, nestas duas situações não restam grandes dúvidas que foram opções tomadas no tal "exercício das funções". Mas há mais.

Este artigo b) é claro quando diz que a entidade tem o dever de "vigilância e controlo" dos seus subalternos e aqui é preciso referir algo que é evidente para todos. Desde 2017 que os comportamentos de Paulo Gonçalves têm sido esmiuçados pelos portugueses, através do que foi divulgado nos emails do Benfica. Acreditando que a administração do Benfica nada saberia sobre estes comportamentos, ficou a conhece-los no momento em que os emails foram tornados públicos, até porque nos mesmos há claras indicações da entrega de dezenas de bilhetes para as toupeiras. 

Portanto, a tese de que o Benfica de nada sabia morre aqui. Por que será que o Benfica quando confrontado com estes comportamentos não demitiu imediatamente Paulo Gonçalves. Por que será que nem sequer há um processo disciplinar a Paulo Gonçalves na matéria relacionada com os emails? A não existência de nenhum comportamento condenatório ou de controlo do Benfica para com Paulo Gonçalves consubstancia de forma evidente a tal "violação dos deveres de vigilância" que faz com que a Benfica SAD tenha obrigatoriamente de ir a julgamento pelos indícios criminais apontados a Paulo Gonçalves.  

Uma vergonha para a justiça 


Numa perspectiva mais geral, julgo que todo o país já percebeu que estamos perante indícios criminais muito fortes. Falamos de crimes que colocam em causa a justiça e o estado de direito, e que a serem provados são um verdadeiro atentado à democracia e ao sistema de justiça português. É gravíssimo que nos dias que correm seja possível "comprar" informações de processos judiciais em curso, possibilitando a pessoas singulares e colectivas providenciarem diligências no sentido de subverter o normal desenrolar dos processos. É surreal vivermos num país onde os visados conseguem por exemplo saber com antecedência que serão alvo de uma busca num determinado dia.

Por tudo isto, seria expectável que a senhora juíza tivesse uma postura de defesa acérrima do sistema de justiça contra este tipo de crimes, até porque é o trabalho da magistratura e das polícias que está a ser posto em causa. No fundo é a justiça que está posta em causa. 

É incompreensível que a senhora juíza utilize argumentos tão frágeis para retirar da equação a Benfica SAD, poupando-a a algo que no entendimento da generalidade dos portugueses é absolutamente evidente. Recordo que nas alegações no debate final da instrução, o senhor procurador do MP deixou palavras muito fortes dizendo que "dificilmente nos casos de corrupção a prova colhida é tão vasta e cristalina". Infelizmente, a senhora juíza foi ofuscada por uma luz qualquer que a impediu de ver algo que toda a gente vê. 

Um grave precedente


Tenho aqui dito que este caso é muito mais do que um caso desportivo. Foi colocado em causa um dos pilares da democracia e a resposta não podia ser pior. Esta decisão da juíza Ana Peres abre aqui um gravíssimo precedente que coloca em causa toda a nossa democracia. Atentem em mais uma pérola: 

"Paulo Gonçalves não era representante de pessoa coletiva Benfica SAD, não fazia parte dos seus órgãos sociais. Os actos das pessoas singulares não podem ser refletidos na pessoa coletiva, mesmo que praticados pelos seus dirigentes, mesmo que praticados no seio do entre coletivo podendo traduzir um estado de perigosidade da organização em relação ao cometimento de ilíciitos de natureza criminal".

Absolutamente patético este argumento utilizado por alguém que usa a letra da lei quando deveria ser a interprete do espírito da lei. Se pedirmos a 100 portugueses escolhidos ao acaso para dizerem nomes de dirigentes benfiquistas, Paulo Gonçalves estaria sem margem de dúvidas no top das indicações, juntamente com Luís Filipe Vieira, Domingos Soares de Oliveira e Rui Costa. O que a juíza diz é que se fosse um vogal qualquer da direcção (que ninguém conhece e nem sequer é remunerado), ai sim já estaria enquadrado. 

O precedente está aberto e o que fica desta brincadeira é um verdadeiro mapa do tesouro para a impunidade por parte das empresas. Basta que os crimes sejam cometidos por alguém que não faça parte da administração e está o problema resolvido. Já estou a ver os administradores de empresas um pouco por todo o país a mudarem a sua designação profissional para director jurídico. 

Para fechar importa dizer que esta decisão pode ser revertido pelo tribunal da relação, uma vez que o Ministério Público já anunciou a intenção de recorrer desta justiça de "colete encarnado". 

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quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

A comissão de fiscalização


No passado dia 15, os sócios do Sporting em sede de AG decidiram manter a suspensão dos antigos membros dos Conselho Directivo e expulsar Elsa Tiago Judas e Trindade Barros de associados do clube. Alguns leitores têm pedido a minha análise a toda esta situação, mas para o fazer é preciso contextualizar todo o processo, até porque há muito boa gente que está a aproveitar a decisão dos sócios para reescrever a história.

Começo então por falar nos nomes escolhidos por Jaime Marta Soares e Eduarda Proença de Carvalho para fazerem parte da Comissão de Fiscalização que substituiu o Conselho Fiscal e Disciplinar. 

A nomeação da uma comissão de fiscalização


A 28 de Maio Jaime Marta Soares anunciou a criação da comissão de fiscalização para substituir o conselho Fiscal e Disciplinar. 

Link da notícia (aqui)
Só a 31 de Maio é que foram oficialmente anunciados os nomes escolhidos por Jaime Marta Soares e Eduarda Proença de Carvalho. Aqui estão eles: 


Sobre a liderança da comissão, Jaime Marta Soares decidiu dá-la ao senhor Henrique Monteiro. 

Para ficar o registo, importa dizer que segundo alguma imprensa os nomes de Miguel Poiares Maduro e de Samuel Caldeira também foram sondados, tendo ambos declinado o convite (aqui)

Onde está a a imparcialidade? 


Destas 5 figuras, apenas Luís Pinto de Sousa não tinha feito qualquer intervenção publica sobre o Sporting ou participado anteriormente numas eleições ou órgãos sociais. Um autentico desconhecido dos Sportinguistas que se manteve assim, uma vez que nem sequer se dignou a comparecer na conferência de imprensa promovida para a apresentação da comissão.

Quanto aos outros senhores, não podiam ser mais parciais. Vou deixar o caso de Henrique Monteiro para o final, até porque falamos do líder desta comissão de fiscalização. Vejamos:

João Duque


Percurso no Sporting

Para os mais distraídos, importa recordar que este senhor já tinha feito parte dos órgãos sociais do Sporting, quando em 2011 foi eleito para o Conselho Leonino do Eng. Godinho Lopes. É engraçado que quando foi confrontado com as estrepolias de Godinho Lopes deixou a seguinte opinião:

Link da notícia (aqui)
Um verdadeiro duque. 

Percurso profissional

O economista João Duque é um conhecido expert económico a quem a SIC deu uma cadeira privilegiada para "botar faladura" ao longo de largos anos. Curiosamente, o senhor é também cronista do Expresso desde Fevereiro de 2009 até aos nossos dias. Por óbvia coincidência, no período em que presidiu o ISEG ficou célebre um concurso de publicidade que lançou por forma a que só o Expresso tivesse condições de concorrer. 


No caderno de encargos feito à medida é dito que “para a publicação dos anúncios pretende-se um grupo de comunicação social que tenha um canal de TV e ainda um jornal semanal com mais de 100 mil exemplares de tiragem". Não satisfeito com a descrição, João Duque ainda acrescentou no caderno de encargos que “o grupo deverá também ter uma revista semanal, que aborde temas de gestão, economia e finanças, com tiragem semanal de pelo menos 100 mil exemplares”. Melhor descritivo do que este só poderia ser possível acrescentando que o grupo teria de ser liderado por Francisco Pinto Balsemão.

Como é óbvio, isto é desvirtuar por completo o que o legislador definiu quando obrigou as entidades públicas a um concurso aberto a todos. Questionado sobre a ligação ao grupo enquanto comentador e os parâmetros do concurso, João Duque referiu tratarem-se de "mera coincidência". Já os senhores da Impresa disseram que “juntar as duas coisas não é correcto". Esta brincadeira custou ao erário público 160 mil euros que foram para as contas do grupo Impresa, numa decisão tomada por alguém que recebia e recebe uma avença do grupo. 

Falamos de um economista sem idoneidade que no gozo das suas funções publicas fez concursos públicos à medida de uma entidade para a qual presta serviços. O mesmo senhor que não viu mal nenhum em afunilar critérios e atropelar a lei também não viu nada de mal na gestão do seu amigo Godinho Lopes. Eu pergunto aos Sportinguistas: acham que alguém que tem estas características pode ser julgador de quem quer que seja? Qual seria a reacção do caro leitor ao saber que seria julgado por um senhor desta estirpe?

António Paulo Santos


Este senhor ficou conhecido dos Sportinguistas quando a 14 de Fevereiro e em vésperas de AG do Sporting, comprou uma página no jornal Record onde deixou uma carta aberta a "rasgar" Bruno de Carvalho e o seu conselho directivo. 

Link (aqui)
Mais uma vez, pergunto aos Sportinguistas se acham que alguém que é capaz de comprar uma página inteira num jornal para atacar Bruno de Carvalho e o seu conselho directivo, tem condições para julgar este mesmo conselho directivo e o seu presidente? 

Para os esquecidos, importa recordar que este senhor teve ainda a distinta lata de em plena campanha eleitoral e assumindo o papel de membro da Comissão de Fiscalização, ter dado um conferência de imprensa onde lançou o nome do Sporting na lama, afirmando que o clube tinha um "buraco financeiro de 122 milhões de euros". Algo que foi imediatamente desmentido pela comissão de gestão e pelos restantes membros da comissão de fiscalização. 

Importa também recordar que o nome deste senhor já tinha aparecido num email trocado entre Godinho Lopes e o propagandista António Sousa Duarte em Março de 2018. Nesse email é traçada uma estratégia para retirar Bruno de Carvalho do Sporting. Por coincidência, a empresa de comunicação que tratou da conferência de imprensa foi precisamente a empresa de António Sousa Duarte. Curiosamente, uma conferência de imprensa dada no Hotel InterContinental, precisamente a cadeia de hoteis em que Godinho Lopes é proprietário de duas unidades. Coincidências...

Já escrevi um longo post sobre estes  assuntos (aqui).

Fecho mais este pequeno capítulo com mais uma pergunta: Será que o novo conselho fiscal e disciplinar já deu início ao processo disciplinar contra este sócio. É que parece-me que usar informação confidencial, deturpando-a e fazer uma CI fora das instalações do clube, anunciando-se como membro da comissão de fiscalização e enxovalhando o bom nome da instituição, dará pano para mangas. O senhor Presidente do CFeD já tratou disso ou andou demasiado ocupado a fazer campanha no jornal do Sporting para que os antigos órgãos sociais do Sporting continuassem suspensos? 

Rita Garcia Pereira


O única menina do grupo é sócia há meia dúzia de anos e entrou na comissão de fiscalização por indicação da amiga Eduarda Proença de Carvalho, também advogada e vice-presidente demissionária da MAG. 


Como foi publico, Rita Garcia Pereira e Eduarda Proença de Carvalho andaram sempre juntas durante o dia da AG do passado dia 15.

Eduarda Proença de Carvalho e Rita Garcia Pereira nas bancadas aquando do discurso da irmã de Bruno de Carvalho
De seguida partiram para os estúdios da CMTV onde comentaram a reunião magna do Sporting. Aqui fica o vídeo.


Como sabem, o ataque na Academia ocorreu no dia 15 de Maio. No dia 16 apareceu em cena Garcia Pereira (pai) a lançar a teoria da "rescisão por justa causa" dos jogadores. 
Link da notícia (aqui)
Eu pergunto aos Sportingusitas se acham normal que a primeira pessoa a se colocar ao lado dos atletas e contra o Sporting seja Sportinguista. Não sei se a declaração à Lusa foi solicitada pela agência ou se foi o próprio que se ofereceu. Acreditando que tenha sido a agência a questionar o advogado, qual era a dificuldade de rejeitar a solicitação? Para quê disparar contra o próprio clube? Para onde foram os superiores interesses do Sporting quando se diz que os "jogadores têm mais do que razão"!? Se a sua opinião profissional é mesmo essa, custava muito estar calado?

No dia seguinte (17), surgem as demissões de vários membros dos órgãos sociais do Sporting entre os quais Jaime Marta Soares e Eduarda Proença de Carvalho. Nos dias seguintes, orvalharam posts no facebook de Rita Garcia Pereira. Deixo apenas dois exemplos.



O "melhor" estava guardado para a crónica que Rita Garcia Pereira escreveu para o Jornal Económico e que foi publicada a 25 de Maio. 


Nesta crónica, Rita Garcia Pereira classifica os membros do conselho directivo como uma "turba que invadiu o clube", considera que "Bruno de Carvalho nunca deveria ter chegado, sequer a sócio, quanto mais a Presidente do Sporting"

Para fechar em grande, conclui dizendo que Bruno de Carvalho foi "responsável, pelo menos moral, pelo que se passa no Sporting e foi, com os sucessivos discursos de ódio, o instigador do actual estado do clube que lhe paga principescamente.".

Recordo que estamos a 25 de Maio. Três dias depois, Jaime Marta Soares anunciou a criação da comissão de fiscalização e a 31 desse mês, Rita Garcia Pereira e os seus colegas foram formalmente anunciados como membros da comissão de fiscalização. 

Henrique Monteiro


Se os históricos dos membros da comissão de fiscalização referidos anterioremente podem ser surpreendentes, o que dirá o caro leitor das declarações e atitudes do homem que foi escolhido para ser o líder da comissão de fiscalização.

Começo pelo histórico antes dos acontecimentos de Maio.







No dia seguinte ao ataque na Academia.






A 16 de Maio, Henrique Monteiro publicou um artigo no Expresso onde é não podia ser mais claro: "Bruno, és tu ou eu!"


Henrique Monteiro começa a sua crónica a dizer que "nunca escrevi sobre o Sporting". Algo que é absolutamente falso. Deixo apenas um pequeno exemplo de Junho de 2015.

Link do artigo (aqui)
Já por esta altura, Henrique Monteiro se sentia "envergonhado" com a gestão de Bruno de Carvalho que tinha acabado de contratar Jorge Jesus. 

Mas todos estas crónicas e posts isto são "peaners" (como diria Jorge Jesus) quando comparados com a atitude que o senhor Henrique Monteiro decidiu tomar no dia 4 de Junho. Importa recordar que a 31 de Maio foi anunciado como líder da comissão de fiscalização do Sporting, um cargo de extrema importância e responsabilidade. Quatro dias depois estava a dar a cara por uma manifestação contra o conselho directivo do Sporting. 

Henrique Monteiro e Daniel Oliveira na manifestação contra o conselho directivo liderado por BdC a 4 de Junho de 2018

Importa ainda dizer na imprensa do dia da manifestação já circulava a informação de que tinha entrado uma participação disciplinar contra Bruno de Carvalho e restantes membros do CD. Sobre esta participação disciplinar há muito para falar, mas fica para outro post. 

Portanto, quando Henrique Monteiro decidiu manifestar-se publicamente contra o conselho directivo liderado por Bruno de Carvalho, já sabia que tinha em cima da mesa uma participação disciplinar contra as pessoas contra quem se manifestava. Sinceramente, eu pergunto aos Sportinguistas se acham este acto digno? Alguém acha isto normal?

Termino, deixando uma coincidência fantástica. Na imagem estão Henrique Monteiro e Daniel Oliveira. Curiosamente, as duas primeiras entrevistas de Frederico Varandas como presidente do Sporting foram dadas ao Expresso de... Henrique Monteiro e ao podcast de... Daniel Oliveira, que inclusivamente foi apresentado como figura de proa da nova grelha da SportingTV, mas que ainda não vi no ar. 

Para fechar


Podia acrescentar alguma informação adicional mas fico-me pelas informações que são do domínio público, uma vez que são mais do que suficiente para se perceber que estavamos desde o primeiro momento perante um pelotão de fuzilamento. 

Cada um destes sócios do Sporting era livre de expressar a sua opinião sobre Bruno de Carvalho, o seu conselho directivo e o clube. Não é isto que está em causa. O que está em causa é que Jaime Marta Soares e Eduarda Proença de Carvalho - num momento em que estão em guerra com o Conselho Directivo - tenham escolhido um verdadeiro pelotão de fuzilamento para punir o então presidente e os membros do conselho directivo. É disto que se trata. Foi isto que aconteceu. 

Todo este processo de escolha dos membros da comissão de fiscalização e o próprio processo disciplinar foram uma autêntica vergonha para o Sporting. Para se perceber melhor, o processo disciplinar teve como instrutora Rita Garcia Pereira e a decisão foi tomada em tempo recorde. Primeiro a suspensão preventiva e depois a suspensão definitiva. Só por termo de comparação, no caso de Godinho Lopes, foi feita inicialmente uma auditoria de gestão, depois passou-se para processo disciplinar e nesse âmbito foi escolhido um instrutor externo em concordância entre o então CFeD e o próprio Godinho Lopes, por forma a que fosse garantido o máximo de isenção em todo o processo. Processo esse que demorou largos meses e onde a defesa de Godinho Lopes teve todo o tempo para apresentar os seus argumentos, pontos de vista e testemunhas, algo que não aconteceu neste caso. 

Mas pior do que tudo isto é verificar que estes senhores não foram legitimados pelos sócios em eleições e mesmo assim tomaram a decisão disciplinar mais importante dos 112 anos de história do nosso clube, ao suspenderem um Presidente e um conselho directivo eleito pelos sócios e em plena legalidade de funções. 


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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Os esclarecimentos de Carlos Vieira


Depois da AG ter mantido a suspensão dos antigos membros do CD do Sporting, Carlos Vieira publicou na sua conta de Facebook uma mensagem de agradecimento aos Sportinguistas e também o texto apresentado na AG. O texto é longo mas que vale mesmo a pena ser lido por todos os Sportinguistas. 

Aqui fica:

A publicação


"A todas e a todos que ontem votaram a meu favor, contra a decisão de suspensão no âmbito de um processo disciplinar, fica o meu sincero agradecimento. Aos meus amigos e aos que, não o sendo, e até não gostando de mim, me defenderam de um processo que considero injusto, obrigado. Bem hajam. Deixo a todos, aqui, o texto que ontem apresentei na AG. Para memória futura. Porque a História do Sporting é superior a tudo e todos.

Exmo. Senhor Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting Clube de Portugal. Na sua pessoa cumprimento os restantes membros dos órgãos sociais. Estimados consócios do Sporting Clube de Portugal. Neste momento que para mim é de uma dureza extrema, venho aqui, a exemplo dos meus colegas de Direção e sócios, promover o vosso voto para o resultado de um procedimento disciplinar que, no fundo do meu ser, entendo como, em primeiro lugar, injusto. Tinha escrito um texto longo. Muito longo. Entendia que tinha de explicar aos aqui presentes todas as minhas razões. Mas esta semana percebi várias coisas. Em primeiro lugar, como pessoa de consciência tranquila e com orgulho de tudo o que tenho feito na minha vida pessoal e profissional nunca poderia dizer que me arrependo de qualquer ato feito ou omissão concedida. Percebo cada vez mais o que Ortega y Gasset quis dizer quando afirmava ser o Homem e a Sua Circunstância. E essa é a minha realidade no Sporting. E importa em primeiro lugar eu saber qual o meu lugar, e de muitos dos meus colegas, na História que ajudámos a construir.

Também estou consciente que a História é escrita pelos vencedores. E os vencedores ocasionais ou fortuitos nela não ficarão. O que me deixa descansado é que o Sporting tem sido sempre o vencedor, apesar de tudo, ou por tudo o que tem passado já na sua longa História. 

Assim, digo a quem me quer ouvir, para poder tomar uma decisão, que foi um imenso orgulho ter desempenhado as funções de Vice-Presidente do nosso Clube. E como não sou pessoa de me arrepender, sinto que cumpri com aquilo com que me comprometi até ao fim. 

Neste momento, em que vejo aqui pessoas que muito respeito, gostaria de enviar um abraço ao sócio do Sporting que, neste momento complexo, entendo que tem desempenhado o papel que gostaria que todos os Sportinguistas desempenhassem – o Professor Eduardo Barroso. Obrigado por continuar a ser a luz que me tem trazido algum conforto nesta escuridão que me confunde e calculo que confunda muitos outros sportinguistas, e não só.

Mas só para fazer uma breve história do processo, que foi isso que aqui me trouxe, gostaria de recuperar essa semana horrível com um dia 15 de maio que não irei esquecer. Para o que aqui nos traz hoje relembro o comunicado que o Conselho Fiscal, presidido pelo Dr. Nuno Silvério Marques, emitiu no dia 17 de maio. Nesse comunicado, onde os membros do órgão confirmavam a sua demissão, afirmavam na sua maioria entender que o Conselho Fiscal e Disciplinar não tinha competências estatutárias para proceder a qualquer tipo de ação política (entenda-se, disciplinar) contra membros do Conselho Diretivo. E da mesma forma que a Mesa da Assembleia Geral se manteve em funções apesar da sua demissão generalizada, nada impedia que o Conselho Fiscal também assim ficasse. Pois, como me foi transmitido por alguns membros desse Conselho Fiscal, eles foram instados a proceder a processos disciplinares contra os membros do Conselho Diretivo. E eles não o aceitaram. Daí a terem sido, no meu entender, destituídos e sido nomeada uma Comissão de Fiscalização constituída na sua maioria por pessoas que já tinham manifestado publicamente o seu desagrado foi um ápice. Tendo tido a oportunidade de ler a entrevista dada ao Jornal Sporting pelo atual Presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar, legitimamente eleito nas últimas eleições, penso que a mesma encerra algumas ou mesmo muitas imprecisões (como por exemplo a menção da obrigatoriedade de substituição de um Conselho Fiscal e Disciplinar que, manifestamente, pela leitura dos Estatutos não existe) e que as analogias feitas aos poderes executivos se devem mais a questões do foro da Magistratura do que com a realidade do Sporting Clube de Portugal. Se tiver a vontade de me ouvir em particular, também gostaria de lhe transmitir a minha visão. Para não ficar só com a visão e opinião dos que escreveram a História recente.

Ponto 1

Sei, (porque sei!), que o ato de nomeação desta Comissão e o trabalho posterior por esta desenvolvido foi imoral e que o seu comportamento tendencioso e manipulador prejudicou o Sporting e sócios do Sporting Clube de Portugal. E que continua a prejudicar pois ainda me aguarda a conclusão de um processo que, curiosamente, se encontra nas mãos do atual Presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar. Nas suas mãos e dos seus colegas, estou entregue. De novo…

Ponto 2

O processo disciplinar, para além de tendencioso teve um conjunto de incumprimentos explícitos do próprio regulamento disciplinar. Em resumo: não me foram transmitidas as penas de cada um dos atos individuais de que fui acusado; não identificam os factos provados e não provados; não têm em consideração os serviços prestados ao Clube como atenuante; não se ouviram testemunhas relevantes; ou seja, tudo foi feito para cumprir um desígnio político de um conjunto de pessoas que, tão somente, deveriam ter logo promovido a eleição de dois órgãos demissionários e que, do alto do seu descontrolo emocional não conseguiram cumprir os valores de desapego e independência que deveriam ter.

Ponto 3

Factos: Sou acusado de ter criado órgãos que não existiam estatutariamente. O que se fez, foi criar um mecanismo que a lei permitia (e para isso nos sustentámos em dois pareceres jurídicos) e que contrariamente ao afirmado não foi contra os Estatutos porque os Estatutos não o proíbem, e que pudesse fazer cumprir o que estava a faltar ao Sporting num momento importante da sua vida operacional e financeira, ou seja: 
1) agendamento de uma AG extraordinária pedida pela Direção logo a seguir aos acontecimentos de Alcochete, conforme os Estatutos;
2) Marcação das eleições para os dois órgãos demissionários, conforme os Estatutos;
3) Marcação de AG também para apresentação e aprovação do orçamento, em conformidade também com os Estatutos. 

Assim, resumindo este ponto 2, em nenhum momento quis ou quisemos criar órgãos que lesassem o Sporting. Fizemo-lo para cumprir a lei, respaldados por pareceres legítimos. 

No entanto, uma providência cautelar instaurada e aceite por um juiz (noto: uma 2ª providência pois uma anterior foi indeferida) foi recebida e foi por nós cumprida a 100%. Todas as solicitações cumpridas e todos os pagamentos efetuados, com assinaturas minhas e do Presidente da Direção. Portanto, não compreendo a que se refere a referida obstaculização. Não o percebi durante o processo. Não o percebo ainda hoje, quando a AG foi um sucesso em termos de organização. E não adianta dizer que eu e outros meus colegas invadimos a AG pois estávamos formalmente autorizados pelo Presidente da MAG e pela própria Comissão de Fiscalização. E entrei por onde entrei por indicações da segurança do evento. Tudo isto que refiro neste meu ponto 2 foi referido, por escrito e pessoalmente, frente a um instrutor, o Dr. António Paulo Santos, advogado, que também já publicamente tinha escrito contra a Direção do Sporting e que não se coibiu de fazer a figura de uma conferência de imprensa num hotel na altura das eleições, como cadeia de transmissão de números falsos, e que, esses sim, prejudicaram um processo de Empréstimo Obrigacionista que tinha de ser feito e que acabou, apesar de tudo, por ser um sucesso.

Ponto 4

Utilização de meios do Clube para comunicações e divulgação de reuniões – sem perder muito tempo, aqui nada mais fizemos que divulgar uma ata elaborada por pessoa independente, sendo de notar a não aceitação da gravação de uma reunião importante por parte do Presidente da Mesa e de alguns (não todos!) membros da Mesa da Assembleia Geral e de alguns também do Conselho Fiscal (que àquela data ainda não tinha sido substituído pela Comissão de Fiscalização).

Estes são os argumentos óbvios e que me dão toda a legitimidade para estar aqui hoje (como gostaria de ter sempre estado, nas AG’s e ao vosso lado no Pavilhão João Rocha). Mas mais digo. Vivemos tempos da chamada pós-verdade, goste-se ou não. E quero aqui apresentar factos que são os que deveriam ter sido também relevados no processo e que, aqui pretendo ajudar a desconstruir face às ideias que se vão escrevendo, e mal:

1. 1º Facto: Nunca assisti a tanta informação interna a sair para a praça pública, como desde o final de Junho deste ano; e o que me choca é a alarvidade das mentiras e das notícias capciosas; importa que todos nós, mas todos mesmo, incluindo a Direção, a quem compete a defesa intransigente dos direitos do Sporting, que o defendam, pois tudo isto, em primeiro lugar prejudica o Sporting Clube de Portugal; 

2. 2º Facto: A Direção a que tive a honra de pertencer foi a única, repito, a única que, desde o mandato de João Rocha, não apresentou prejuízos; Ficámos a zero na soma dos resultados de todos os anos em que estivemos efetivamente em funções; posso dizê-lo após a aprovação das contas de 2017/18 que apresentaram um resultado no Clube de cerca de 2M de euros; 

3. 3º Facto: a auditoria que está a decorrer não é uma auditoria forense (o que quer que queira dizer) mas sim a auditoria de gestão que foi aprovada na Assembleia Geral do passado dia 3 de fevereiro por grande parte de vós. E tem, em princípio, um caderno de encargos similar aos das anteriores Auditorias de Gestão. Aguardemos todos os resultados. E aguardemos que os sócios os leiam. Já agora, o meu louvor ao Fernando Carvalho, aqui presente, que foi o único sócio do Sporting que dedicou muito tempo da sua vida a ler a integralidade das auditorias já feitas. E que irá ler esta com certeza. E que não se eximirá de me fazer as críticas que achar justas. 

4. E já agora aproveito para esclarecer alguns aspetos que alguns têm querido trazer à baila tentando prejudicar esta minha e nossa defesa, e que não tendo nada a ver com o que hoje se está a discutir, a prejudica, obviamente. Então:

a. Na passada 3ª feira somos capa de um jornal que dizia que tirámos meio milhão ao Sporting. Lendo o artigo não se percebe nada; propositadamente. Mas esclareço, o valor mais relevante da notícia é de uma garantia bancária que o Sporting, através da Direção, executou, pois entendia que tinha sido prejudicado nalguns aspetos da obra de construção do Pavilhão João Rocha. São cerca de 375 mil euros que reverteram para o Sporting e para mais ninguém. Aliás sei que o atual Vice-Presidente do Sporting com o pelouro do Património já conhece muito bem o processo da construção do Pavilhão e das questões pendentes. O restante, devem ter sido pagamentos normais, como muitos foram feitos ao longo dos mais de cinco anos em que fui responsável pelas Finanças do Grupo Sporting. Fazendo contas por baixo, nestes anos devemos ter feito pagamentos a rondar os 600 milhões de euros. É perfeitamente inaceitável que se lance isto para o espaço público prejudicando, em 1º lugar o Sporting.

b. Sobre o escritório de advogados que se tem vindo a falar constantemente, posso dizer que foi o escritório que mais trabalhou com o Sporting no dia a dia. Trabalhou nos processos cíveis mais relevantes interpostos contra terceiros e fazia o pesado acompanhamento fiscal do Grupo. Para perceberem, fundamentalmente trabalhávamos com este escritório e com a Cuatrecasas que colaborou nas auditorias de gestão anteriores e nos empréstimos obrigacionistas. Nada mais. Os valores que se falam, divididos por 5 anos de atividade não fogem de valores normais. Tudo o resto são pós-verdades, construídas sobre coincidências, e vontades de criar suspeitas indevidas. Mas acima de tudo, aproveito para destacar a competência destes advogados que connosco trabalharam e que julgo ainda trabalham para o Sporting.

c. Quanto a gastos com scouting e afins, aguardemos pela auditoria em curso. Mas se a notícia é que não há relatórios de scouting, então…. É pedi-los.

d. Obviamente que fico ao dispor, se a Direção ou o Conselho Fiscal o entenderem para prestar quaisquer explicações que sejam necessárias no âmbito da referida auditoria.

e. (e já agora, depois de também tanto ter ouvido de Fake News ou em Português, notícias falsas e mentirosas, ficou afirmado pelo atual Vice Presidente Financeiro do SCP e pelo próprio Presidente do Clube, que não há buracos nas contas, que não há dinheiro retirado da SAD para o Clube ou vice-versa, e portanto, faço votos que o orçamento agora aprovado, diga-se, praticamente igual ao que a Direção a que pertenci apresentou, cumpra aquilo para o que foi construído - mais títulos, como o de Campeão Europeu de Judo desta semana e para uma cada vez maior divulgação dos valores do Clube).

Ponto 5 

Quase a terminar, reitero que nenhum dos membros da Direção foi condenado neste momento por qualquer facto; processos pode até haver, mas estar aqui neste momento a julgar ou querer de futuro condenar a expulsões qualquer sócio, como Elsa Judas ou Trindade Barros, é, se me permitem muito infeliz. Por muito mal comparado que seja, gostaria de vos alertar para o facto de os nossos adversários da Luz terem o poder disciplinar na Direção e não no Conselho Fiscal e só terem promovido a expulsão de um seu antigo Presidente quando ele foi efetivamente condenado, sem possibilidade ulterior de recurso; por curiosidade, o único membro dos órgãos sociais do Sporting que foi até hoje condenado de alguma forma, com ligação ao Sporting, obviamente, podendo é claro ainda apresentar recurso, foi o Comendador Jaime Marta Soares, num processo interposto pelo Eng. Godinho Lopes.

Quero concluir dizendo que cumpri o meu papel como órgão social do nosso Clube e de outras instituições do Grupo. Não peço, como nunca pedi, qualquer tipo de tratamento favorável ou privilegiado. Peço-vos agora que, fundamentalmente, tenham em consideração os meus atos em prol do Sporting neste processo em que pretendo que seja revertida uma decisão que considero, como vocês todos considerariam, injusta.

Quero aproveitar, porque não tive até hoje, oportunidade, para agradecer a todos os funcionários e colaboradores com quem tive o prazer de trabalhar. Agradeço terem feito a minha vida mais fácil e peço que me desculpem se tornei a vossa mais difícil. Vocês são uma das razões pelas quais o Sporting se mantém, sempre forte e resiliente.

E quero finalizar num tom mais rebelde dizendo que não aceito qualquer tipo de afirmação sobre a lei de Talião, do olho por olho, dente por dente. Que nos fazem a nós aquilo que fizemos a outros. Julgo que aqui, neste momento, é importante dizer que a Direção do Sporting a que pertenci não fez qualquer pedido de Processo Disciplinar contra ex-Presidentes. Inclusivamente, e os anteriores membros do Conselho Fiscal do Sporting, alguns aqui presentes, podem confirmá-lo: eu e o Presidente Bruno de Carvalho apresentámos as nossas alegações para que o Conselho Fiscal e Disciplinar, presidido pelo Professor Jorge Bacelar Gouveia não expulsasse o Eng. Godinho Lopes. Fizemo-lo, pois entendíamos que deveria haver alguma tolerância e que a história da altura, de agora e futura, seria escrita avaliando o que de mau e bom qualquer Presidente fez. Sei que a história honrará os mais de 5 anos em que os membros que hoje estão aqui a ser “julgados” estiveram no Sporting, independentemente da vossa decisão. Assim como honra hoje o Presidente João Rocha que há mais de 30 anos saiu também de Presidente, debaixo de críticas (até de alguns de vós que hoje aqui estão). Lembro também as críticas que ele sempre fez ao Projeto Roquette e sempre que sentia que os valores que defendia não estavam a ser cumpridos. E isso não o fragiliza aos meus olhos. Muito pelo contrário.

Sei que hoje sou por um Sporting plural. Que aceita as opiniões e até as divisões. E que é desta realidade, muito diferente da dos nossos adversários, que se faz um Clube que é o maior do Mundo.

Humildemente vos peço. Sem mágoas. Com espírito leonino. Queiram por favor votar favoravelmente este meu recurso.

E Viva o Sporting Clube de Portugal.

Obrigado."

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sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

A importância da comunicação


Passam hoje 32 anos da mítica vitória do Sporting sobre o Benfica por 7-1, mas não é essa efeméride que vos trago hoje. Mais recentemente, o dia 14 de Dezembro ficou marcado por uma comunicação muito relevante para o futebol português. 

A criação da comissão técnica


Link da notícia (aqui)

Faz precisamente hoje um ano que a FPF anunciou a criação de uma comissão técnica independente para estudar a história e os títulos do campeonato português. Segundo foi dito na altura pela FPF, essa comissão ficaria com a responsabilidade de apurar os factos e apresentar as conclusões em sede de Assembleia Geral da FPF para ser ratificada ou não pelos delegados.

Alguns dias depois deste anúncio foi aprovado em reunião de direcção da FPF o convite a três universidades nacionais para estudarem o assunto. 

Link da notícia (aqui)
Esta foi a última informação que encontrei sobre esta matéria. 

A acção


Ao longo do mandato de Bruno de Carvalho esta foi sempre uma matéria pela qual o clube se bateu, mas foi com uma campanha organizada no final de 2017 que este avanço importante foi conseguido. O pontapé de saída foi dado até através do Jornal Sporting, que no final do mês de Novembro desse ano fez uma extensa reportagem sobre esta matéria, tendo até dado destaque total na sua capa. 

Capa Jornal Sporting 30 Novembro de 2017

Nesta altura até foi criada uma secção no site do Sporting dedicada a esta matéria (aqui) e um video que teve bastante impacto entre os Sportinguistas e onde a matéria é resumida para que todos percebam o que está aqui em causa.


Todos estes esforços colocaram o assunto na agenda mediática de uma forma tão eficiente que rapidamente a FPF teve de se pronunciar e foi então criada a tal comissão independente. Importa também recordar que a reboque da comunicação do Sporting vieram outros clubes interessados na matéria. 


Tudo isto depois de em Maio desse ano o Sporting ter conseguido o apoio público do FC Porto no célebre comunicado conjunto de Porto e Sporting negociado pelos dois directores de comunicação dos clubes: Nuno Saraiva e Francisco J.Marques.

Link da notícia (aqui)
Importa recordar que uma série de clubes estão a ser prejudicados sendo que o único clube que não é prejudicado é o Benfica que continua com o mesmo número de títulos. Aqui está a contabilidade.


Como podem verificar, o revisionismo Benfiquista tem apenas e só o intuito de deixar os competidores mais afastados.

Uma luta que tem de continuar


É muito importante recordar que o Sporting sempre reconheceu estes títulos ao longo da sua história. Ao contrário do que muito pensam, não foi Bruno de Carvalho que "inventou" esta luta pelo reconhecimento dos 4 títulos de campeão de Portugal. Bruno de Carvalho tem sim o mérito de ter sido o único presidente do Sporting - depois do ano em que esta questão foi adulterada (2005)  - que lutou para que a história não fosse apagada e servida de acordo com interesses encarnados. 

Já fiz um post com recurso a informação oficial onde é fácil verificar que o Sporting sempre reconheceu os campeonatos de Portugal como títulos nacionais. O primeiro registo data de 1940 aquando da realização do I Congresso leonino. Há também registos do Jornal Sporting de 1954 e de 1980 e até uma declaração do Presidente José Roquette no livro de Ouro do Sporting publicado em 2000 pelo DN onde são referidos esses títulos como sendo nacionais. São apenas alguns exemplos que recolhi em post (aqui).

Sobre esta lutas pelo reconhecimento dos feitos do Sporting e dos seus atletas, recordar por exemplo a enorme vitória na questão do reconhecimento federativo que foi conseguido com Fernando Peyroteo. São nestas acções que os Sportinguistas se revêm é preciso que os actuais responsáveis pelo clube percebam isto de uma forma definitiva. Esta é uma luta que é preciso trazer de volta para a agenda e vencer. 

A "mentalidade muito pequenina" da comunicação do Sporting 


Nos últimos tempos a comunicação do Sporting têm cometido erros absolutamente inaceitáveis e que vão contra os valores e a história do clube. Na última semana tenho apontado uma série desses erros pelo que vale apenas a pena resumir a coisa, deixando os links desses posts mais completos para quem tiver interesse em ler.

Comunicação externa:

Em termos de comunicação externa o Sporting está completamente morto. Não há uma palavra sobre os escândalos que assolam o futebol português, não há uma palavra ou proposta para o desenvolvimento do futebol nacional ou internacional e fundamentalmente não existe qualquer defesa dos interesses do Sporting perante o que vai saindo na imprensa e que arrasta o nome do clube para a lama. Um vazio completo e absoluto.

Deixo apenas um pequeno exemplo para que todos percebam. Ainda há dias foi anunciada a redução do valor do IVA nas touradas para 6%, ficando o futebol de fora desta descida. Gostando ou não de Bruno de Carvalho, julgo que todos concordamos que com ele na presidência do Sporting o Governo já tinha levado "chumbo grosso" nesta matéria, até porque a descida do IVA nos espectáculos desportivos tinha sido uma proposta apresentada pela direcção de Bruno de Carvalho nos diversos fóruns desportivos e governativos.

Esta é uma matéria que me incomoda profundamente, porque não consigo encontrar explicação para o abandono desta luta. Porque raio é que a actual administração do Sporting não diz uma palavra sobre esta matéria? Porque raio não se defende com unhas e dentes uma proposta feita pelo Sporting? É por ter sido feita por Bruno de Carvalho? Mas então o Sporting e os outros clubes não beneficiavam da redução do IVA nos bilhetes dos jogos? Os Sportinguistas não beneficiavam desta redução? Porque raio não defendem o Sporting?

É apenas um exemplo. Infelizmente, outros poderia trazer.

Comunicação interna:

Se isto está terrível na vertente externa, em termos internos a coisa está ainda pior. Esta semana ficamos a saber que a direcção do Sporting decidiu retirar de forma vergonhosa o título do Goalball da contagem de conquistas internacionais do clube, mostrando assim que prefere seguir o caminho oposto da inserção social, que é o pilar do departamento paralímpico do Sporting e um orgulho para os Sportinguistas. O post que escrevi sobre esta matéria pode ser lido (aqui). Uma semana depois de ter sido atropelado o título do Goalball, continuo sem conseguir perceber o porquê de uma direcção eleita pelos sócios do Sporting fragilizar e atropelar os feitos do nosso clube e dos nossos atletas. Acho que esta vou morrer sem conseguir compreender.

Faço esta alerta público porque quem comete um crime de lesa-Sporting - como foi retirar o título do Goalball da contagem de títulos europeus - não mostra ser confiável e competente para dar seguimento à questão dos campeonatos de Portugal. Desculpem, mas não consigo confiar que esta matéria seja bem gerida por uma direcção que atropelou a história do Sporting e que nem sequer tem respeito pelos feitos conseguidos já no seu mandato, como foi o caso da enorme vitória do judo leonino (aqui). Espero e desejo que acordem para a vida antes que seja demasiado tarde, mas sinceramente não acredito.

Ainda dentro da comunicação "interna", esta semana falei também sobre a tentativa de assassinato público de Rui Caeiro e Bruno Mascarenhas, através de notícias plantadas na comunicação social pela comunicação do Sporting (aqui). Este revanchismo latente no Sporting tem de acabar definitivamente, sob pena de o clube sair gravemente prejudicado, como poderia ter acontecido na questão dos títulos nacionais, caso Rui Caeiro e Bruno Mascarenhas tivessem pedido a demissão dos cargos. Antes de passar a explicar, e para esclarecer algumas bocas ignorantes, importa dizer que falamos de cargos não remunerados.

Ora, como vimos na notícia inicial que apresentei neste post, a comissão independente irá apresentar as conclusões do estudo em sede de AG da FPF e ai o Sporting terá dois aliados importantes. Precisamente, Rui Caeiro e Bruno Mascarenhas que por certo continuarão a defender a tese leonina nesta matéria. Ora, Frederico Varandas e meia dúzia de patetas acham que estes dois Sportinguistas devem pedir a demissão dos cargos para os quais foram eleitos, o que fará com que entrem os suplentes, ou seja, pessoas afectas a outros clubes. Portanto, em vez de termos dois votos garantidos a defenderem a validação dos títulos do Sporting, Varandas considera que o Sporting fica melhor servido se lá estiverem delegados afectos a outros clubes. Daquele tipo de delegados de clubes casadoiros (sem IVA).

Desculpem-me mas isto não é defender o Sporting e muito menos será "unir o Sporting".

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