sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Extinção do Conselho Leonino


A pedido de muitos leitores farei uma análise às propostas de alteração dos Estatutos que serão discutidas e votadas na Assembleia Geral de amanhã. Um dos temas mais polémicos passa pela proposta de extinção do Conselho Leonino. 

Antes de começar é fundamental dizer que uma eventual aprovação da extinção do Conselho Leonino não terá efeitos imediatos. Os actuais conselheiros estarão em funções até ao final dos seus mandatos

Promessa eleitoral


No programa eleitoral apresentado por Bruno de Carvalho em 2017 e sufragado com cerca de 90% dos votos dos sócios Sportinguistas constava a medida de extinção do Conselho Leonino e a ideia de transformar o órgão numa espécie de conselho de estado.

Programa Eleitoral de Bruno de Carvalho 2017 - Pag 16
Posto isto, não consigo perceber a surpresa. Bruno de Carvalho tem sido um presidente que tem dado seguimento ao que versa nos seus programas eleitorais. Este é apenas e só mais um caso. 

O que é o Conselho Leonino e para que serve?


Antes de tomarem uma decisão, os Sportinguistas devem tentar responder a esta questão. É o que farei de seguida:

Estamos a falar de um órgão social que não tem qualquer poder deliberativo nem de fiscalização. No fundo serve apenas para aconselhar o Conselho Directivo. Olho para a actividade do CL e o que vejo é isto: reuniões nas vésperas das Assembleias Gerais do clube, numa espécie de AG antecipada à porta fechada. 

Invariavelmente o que acontece nas horas seguintes às reuniões do Conselho Leonino é ficar-se a saber tudo o que foi discutido. Isto é obviamente algo de muito prejudicial ao clube e um sinal claro que os conselheiros não têm noção das suas responsabilidades. O facto do CL ter 50 elementos é propício a que a informação circule rapidamente por todo o lado. Que sentido tem o Sporting ter 50 conselheiros quando o Presidente da República tem um Conselho de Estado composto por apenas 19 elementos?

São 50 pessoas com todos os benefícios de serem órgão social do Sporting CP e que na realidade não acrescentam nada ao Sporting. Nas últimas eleições já tinha expressado as minhas dúvidas em relação a este órgão. Decidi dar nova oportunidade para perceber até que ponto o órgão se conseguiria regenerar e ser uma mais valia, pelo menos como exemplo da militância que Bruno de Carvalho tanto fala. Infelizmente, nem isso conseguiram fazer.

O actual mandato


Se estão bem recordados, nas últimas eleições apareceu uma lista independente ao CL que arrecadou mais de 20% dos votos. Na altura foi possível ver algum entusiasmo em relação a estas pessoas. Quase um ano depois eu pergunto aos Sportinguistas o que é que essa lista fez pelo CL e pelo Sporting? A resposta é simples: Nada! Não fizeram eles nem os restantes conselheiros. 

Votei na lista apresentada por Bruno de Carvalho, mesmo não gostando de alguns nomes, por considerar que existia nesta lista gente com posição de relevo na nossa sociedade e que poderiam ser úteis ao Sporting. Não foram e não acrescentaram nada de novo. E estas pessoas sim, tinham clara responsabilidade de fazerem mais pelos Sporting. Muito mais do que os elementos "anónimos" da lista independente. 

Um novo Conselho Leonino


A proposta que será apresentada amanhã passa pela substituição do actual CL por um "conselho estratégico". Aqui fica a proposta:

"Criar e extinguir um conselho estratégico, composto por um número ímpar de membros, não superior a 15, que se designará “Conselho Leonino”, em homenagem a todos os sócios que serviram o Clube enquanto conselheiros leoninos; este conselho estratégico terá natureza meramente consultiva do Presidente do Conselho Directivo, tendo em vista a recolher aconselhamento na definição de estratégias a seguir para o desenvolvimento a médio e a longo prazo das actividades do Clube"

É muito importante referir que neste novo CL nenhuma destas pessoas será considerada como órgão social do clube, logo ninguém terá nenhum direito ao que quer que seja. Nem bilhetes, nem tribuna nem o vulgo "croquette". 

Obviamente, o Presidente do Sporting pode reunir e pedir conselhos a quem quiser sem precisar desta oficialização. Enquanto sócio, confesso que até gosto de ficar a saber quem são as pessoas que o Presidente do Sporting tem em consideração para serem seus conselheiros. 

Resumindo


Estou completamente de acordo com a extinção do Conselho Leonino, uma vez que o órgão não serve para absolutamente nada, para além de ser uma feira de vaidades que acaba por prejudicar o Sporting com a divulgação de informação confidencial do clube. Para fiscalizar o trabalho da direcção existe o conselho fiscal e disciplinar e a mesa da assembleia geral, órgão máximo do clube. 

Do ponto de vista economicista são 50 "business seats" que deixam de ser atribuídos e que podem passar a ser vendidos. Estamos a falar de bilhetes que custam mais de 1000€ por época. Entre um montante desta grandeza e a utilidade do CL a resposta é óbvia, na minha opinião.

Quanto à passagem para um "conselho estratégico" em que os nomes são escolhidos pelo Presidente também sou favorável, uma vez que estas pessoas não terão qualquer tipo de regalia ou posição como órgão social. O facto de ficarem a ser conhecidos os nomes agrada-me bastante. No fundo passa a funcionar como o Conselho de Estado. Se a ideia base é aconselhar a direcção parece-me lógico que o seja o Presidente da direcção a escolher gente por quem tenha consideração para o fazer, tal como o Presidente da República faz.

Vejo esta proposta como mais um passo no cumprimento do programa eleitoral de Bruno de Carvalho. Fica a minha opinião. Agora cabe aos Sportinguistas comparecerem em grande número e decidirem em consciência. 

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6 comentários:

  1. Penso que este será dos pontos com menos contestação. O maior será a questão das alterações disciplinares.

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  2. Plenamente de acordo. Mas este ponto é o que menor polémica suscita.
    Já a parte de liberdades de expressão individuais parece-me um pouco esquizofrénica. Muito tempo e energia perde o nosso Presidente com uma oposição que não chega a 8% dos votantes. Deixá-los ladrar.

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  3. Esta questão para mim é pacífica, a inutilidade do CL está bem demonstrada neste texto.
    Gostaria que o Mister abordasse o ponto que para mim é mais sensível, a utilização ou não do método de Hondt no CFD. Até me demonstrarem o contrário este método é o melhor.

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  4. Se acho que o Conselho Leonino um órgão, neste momento, inútil, considero mais perigoso o afunilamento de pensamento que agora se propõe. Se o CL neste momento é um órgão inútil, então que se criem mecanismos para que ele funcione e seja útil ao clube.
    Estou de acordo com o emagrecimento do futuro órgão, mas não concordo com o facto de ser o presidente a escolher os elementos que o virão a compor. Onde não há direito a crítica, nào há democracia, e não foi segundo esse pensamento unitário que o nosso clube foi criado. Todos os sócios devem ter direito a ter voz, e é o próprio presidente que tem incentivado os sócios a manifestarem-se nas Assembleias Gerais, pelo que não acredito que ele possa agora dar o seu beneplácito a uma medida que calasse os sócios que não pensem o Sporting da mesma maneira.

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    1. O Conselho de Estado deveria ser escolhido pelo povo? Aqui é a mesma coisa.

      O poder dos sócios está e sempre esteve nas AG. Eu nunca me senti representado pelo Conselho Leonino.

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    2. Se o Conselho é para aconselhar a Direcção acho que deve ser escolhido pelo Presidente da mesma. O Curioso é que até à Direcção de Amado de Freitas o CL tinha 55 membros: O Jorge Gonçalves apresentou uma proposta em AG que op reduziu para 30, mas depois o (c)Roquetismo foi sucessivamente aumentando de novo até aos atuais 50. O que agora se propõe nem sequer é alterar o Órgão Social; é muito mais isso, felizmente: é deixar de existir esse Órgão Social (com duração de mandato) e passar a haver um verdadeiro instrumento consultivo, nomeado e EXTINTO pelo Presidente (que durará enquanto funcionar a utilidade que determinou a sua nomeação). Por exemplo, a Direcção pretende elaborar um Plano estratégico para o desenvolvimento do conjunto das Modalidades: o Presidente nomeia um Conselho de, por exemplo, 5 elementos, com reconhecida experiência como dirigentes de modalidades para, em conjunto com o vice-Presidente para as mesmas, elaborarem uma proposta de Plano e devidos fundamentos, a ser alvo da apreciação da Direcção. Acabou os seus trabalhos, a Comissão é extinta. A existência é directamente ligada à utilidade. Dirão: para isso o Presidente não precisa de nomear ninguém; reúne-se com quer e decide. A vantagem é que o Universo sportinguista fica a saber quem aconselha o presidente e em quê, o que quer dizer que, sem ter qualquer necessidade disso, BdC até escolheu uma fórmula mais aberta e transparente.

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