terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Telepizzi


Recuemos a 8 de Novembro de 2004, dia de clássico entre o Sporting e o Porto no estádio do Dragão. Ao minuto 71´ José Peseiro decidiu tirar Fábio Rochemback de jogo. Quando se dirigia para o banco o jogador brasileiro virou-se para o treinador e disse em alto e bom som "Vai tomar no cú". 

Esse episódio ficou marcado na história do futebol português, em particular na história recente do Sporting. Por certo os leitores menos jovens estarão recordados da enorme novela criada pela imprensa em torno deste assunto. Desse dia em diante José Peseiro nunca mais se livrou do estigma de ser um mau líder de balneário. Serve este exemplo introdutório para que as pessoas consigam perceber o poder que a imprensa tem junto dos adeptos.

Cerca de 13 anos depois aconteceu algo semelhante no mesmo estádio, mas com um tratamento jornalístico muito diferenciado.

Um grupo organizado de palavras feias



Foi desta forma que Pizzi reagiu à substituição efectuada por Rui Vitória. Ao contrário de Rochemback que na altura tinha 4 meses de Sporting e de futebol português, Pizzi tem uma história importante no Benfica e no futebol português. Algo que lhe dá uma responsabilidade adicional, até perante os jovens que vêm nele um ídolo.


A versão da máquina de propaganda


Link da notícia (aqui)

No caso Rochemback a imprensa colocou gasolina no assunto colocando o foco na fraca liderança do treinador José Peseiro. Já quando acontece algo para outras bandas o caso muda de figura. Após apurada investigação dos jornalistas Nuno Martins e André Monteiro o jornal Record decidiu fazer uma notícia com dois paragrafos apenas e só para dizer que afinal o Pizzi "estava insatisfeito com a má exibição que realizou". Ora digam lá que isto não é maravilhoso!?

Ajudem-me aqui a ver se eu percebi bem: Então, quando qualquer um de nós comete um erro no trabalho a primeira coisa que devemos fazer é insultarmos o nosso patrão de tudo e mais alguma coisa? É isto, senhores do Record?


"A mim ninguém me expulsa caralho, nem amarelo quanto mais expulsar"


Depois do branqueamento do caso pela máquina de propaganda e pela comunicação social amiga, eis que surgiu nas redes sociais um audio de uma conversa entre Pizzi e um adepto do Benfica.


Curiosamente, o vídeo original que andou a ser partilhado nas redes sociais - obteve mais de 100 mil visualizações - nunca chegou às televisões que tanto gostam de gravações e muito menos aos jornais. Provavelmente, todos os jornalistas deste país ficaram sem Internet nos últimos tempos.

Estamos perante declarações que demonstram que os próprios jogadores do Benfica têm a completa noção da protecção que sentem nos jogos e na imprensa para fazerem e dizerem tudo o que lhes apetece sem qualquer tipo de punição.

Face a esta pouca vergonha e ao total branqueamento da imprensa, gostaria de saber se o Conselho de Disciplina já abriu um processo de inquérito para averiguar estas declarações do jogador do Benfica? Se não abriu, não sei do que é que os clubes que participam na Liga estão à espera para se queixarem disto.

Vieira pede respeito



Para terminar em beleza o ciclo de propaganda e hipocrisia, na passada sexta-feira Luís Filipe Vieira pediu aos benfiquistas para terem respeito por Rui Vitória. Provavelmente será o mesmo tipo de respeito que Pizzi teve quando "mostrou a insatisfação pela sua exibição"...

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4 comentários:

  1. Devo ser eu que sou muita mau a ler lábios mas como é que se pode ter a certeza de que foram essas a palavras?

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    1. http://www.cmjornal.pt/desporto/futebol/detalhe/especialista-descodifica-insultos-de-pizzi-a-rui-vitoria

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  2. Mister, sempre atento ao que se passa. Muito bem!
    Sabemos que a maquina encornada lava sempre mais branco. Aquilo até pode ter a casa toda coberta de sangue que será sempre um mero penso higiénico que veio com defeito.

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  3. A conversa ou confissão que se ouve no audio é grave, ainda para mais num tom de quem goza com a situação. Não deve haver muita gente a ter duvidas da autenticidade da gravação, o que só vem confirmar a razão para ter andado à volta de 30 jogos para levar o 5º amarelo que o punia com um jogo de castigo.

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