A "Paixão" pelo apito

Como sabem, Sérgio Conceição foi expulso no último jogo do Vitória de Guimarães no estádio da Luz. Para contextualizar o post aqui ficam as declarações do técnico no final da partida.

A primeira expulsão com muita "Paixão"

No vídeo, Sérgio Conceição refere-se ao facto de ter sido expulso por Bruno Paixão num jogo entre o Olhanense e a União de Leiria em 2012. Segundo o próprio, foi expulso por ter "festejado efusivamente o golo".  O jogo em causa foi realizado no dia 5 de Março e no dia seguinte já havia castigo.

Como podem verificar pela notícia, o técnico foi suspenso por 20 dias, mesmo a tempo de falhar o jogo contra o... Benfica.

Mais uma daquelas coincidências...

Sinal encarnado

Já esta temporada, no final do jogo entre o Vitória de Guimarães e o Benfica no D.Afonso Henriques o técnico foi injuriado pelo árbitro da partida, o Sr. Carlos Xistra. O homem que "não viu" 3 grandes penalidades contra o Benfica ainda teve a lata de chamar "Burro" a Sérgio Conceição.

Podem ver o vídeo onde é perceptível o insulto de Carlos Xistra a Sérgio Conceição (aqui - cliquem - Está no final do primeiro vídeo desse post).

Sérgio Conceição que acabou por fazer com que o processo contra o árbitro instaurado pela Liga fosse arquivado.

«Não digo isto só por aquilo que aconteceu ter sido determinado árbitro, porque eu aceitei o pedido de desculpas. Talvez ainda não saibam, fui à Liga [Portuguesa de Futebol Profissional] e foi porque eu não quis que não houve processo contra o senhor Carlos Xistra»

(link da notícia) 

Uma atitude de alguém que percebe as contingências e as emoções que envolvem um jogo de futebol e uma lição para os "apitadores" cá do burgo.

Abençoado relatório 

Abençoada a alma da pessoa que colocou o relatório do árbitro Bruno Paixão nos blogues Tu Vais Vencer e no Artista do Dia. Graças a essa pessoa é possível perceber a injustiça de que Sérgio Conceição foi alvo, senão vejamos:

Podem ter acesso a todo o documento clicando (aqui).

"Aos 35 minutos da 1ª parte considerei expulso o Sr. Sérgio Paulo Marceneiro da Conceição, licença LPFP 10563, treinador principal do Vitória Sport Clube por protestar de forma incorrecta uma decisão da equipa de arbitragem, dizendo por várias(?) vezes 'Isto não é falta!', rindo-se de seguida num acto de um comportamento irresponsável e difamatório para com o árbitro."

"Isto não é falta!" dá motivo para expulsão? O que pode então um treinador ou jogador dizer a um árbitro? Há alguém neste país que considere esta expulsão justa?

Vamos falar todos como príncipes e princesas...

Fica bem clara para todos a forma como esta "gente" dirige os jogos e conduz as suas carreiras. As promiscuidades, os "erros involuntários", a forma como existe um sistema que protege os interesses e esconde os relatórios de árbitros, delegados e observadores, a forma como as instituições de disciplina julgam com o critério do "como dá mais jeito", a forma como árbitros sérios são despromovidos por não se sujeitarem a prestar serviços e até a forma como se "fazem" árbitros. Tudo isto contribui para a descredibilização do desporto. Ainda ontem falei no caso de Fábio Veríssimo e na forma como chegou a internacional com APENAS 5 JOGOS da primeira Liga.

Tudo isto é triste! Tudo isto é fado!

Depois de tudo isto ainda:

Vamos fazer um minuto de silêncio!?

Relativamente à questão "Paraty": Que fique bem claro que respeito o homem, a família e os amigos do falecido. É sempre um momento complicado assistir ao desaparecimento daqueles que nos são próximos, ainda para mais quando falamos de alguém tão novo. Posto isto, tenho que fazer algumas considerações.

A FPF decretou um minuto de silêncio em todos os jogos das competições organizadas pelo organismo, em memória do antigo árbitro Paulo Paraty. Ora, se é a FPF que decreta esta homenagem é porque ela advém da carreira profissional da pessoa em causa. Nessa vertente, não posso deixar que se passe a ideia que Paulo Paraty foi uma profissional exemplar quando não o foi. Que existam adeptos de outros clubes e até um ou outro Sportinguista que tenha consideração pela carreira do senhor, aceito e respeito. 

Enquanto Sportinguista e sabendo bem os prejuízos causados pelas suas arbitragens nos jogos do Sporting e da forma injuriosa e jocosa como tratou o meu clube, não me consigo juntar ao rol de figurantes de uma farsa.

Não sendo uma figura unânime no universo desportivo português não me parece correcto "obrigar" todos os clubes e todas a modalidades sob a égide da FPF a fazerem esta homenagem. A imposição desta homenagem obriga os Sportinguistas a estarem perante um dilema entre a humanidade e a razão. Se por um lado quererão respeitar o homem, os seus familiares e amigos recorrendo ao silêncio, por outro lado não podem nem devem esquecer tudo o que Paraty fez ao Sporting. 

Quando Hitler morreu, o Estado português colocou a bandeira a meia haste durante 3 dias. Foram ignoradas todas as atrocidades cometidas pelo ditador. Nessa altura, o subterfúgio encontrado para justificar tal decisão foi o de que Portugal era um estado neutro ao conflito e que Hitler era um chefe de estado que justificava tal honraria, como qualquer outro. Obviamente não quero comparar actos, apenas trazer para a discussão se devemos ignorar as acções em função de estatutos? 

Mas voltemos ao futebol com exemplos de fácil entendimento: Será que o Benfica homenageará João Vale e Azevedo, ignorando todos os prejuízos causados ao clube, apenas porque foi  Presidente? Será que o Porto homenageou Inocêncio Calabote quando este faleceu?

Para este dilema tenho uma simples solução que gostaria de sugerir aos Sportinguistas presentes em Alvalade. Vamos todos respeitar o minuto de silêncio em honra dos seus familiares e amigos mas proponho que viremos as costas para o relvado durante esse minuto. Desta forma o nosso protesto fica vincado assim como o nosso respeito pelo homem.

Fica a ideia e a opinião sincera, como sempre.

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