segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Um verdadeiro dia de Sporting


Orgulho, reconhecimento e confiança. Foi com estes sentimentos que vivi a histórica AG do último sábado. Um orgulho enorme nos mais de 6400 Sportinguistas que lotaram o Pavilhão João Rocha/multidesportivo e que mostraram a força e a vitalidade do clube. Fui para apresentar os meu reconhecimento pessoal pelo enorme trabalho desenvolvido por estes órgãos sociais do clube. Um sentimento replicado por cerca de 90% dos sócios que aprovaram so 3 pontos em discussão. E por fim, uma confiança inabalável no futuro deste clube e na gestão destes órgãos sociais.

Porque é que somos do Sporting?


Na esmagadora maioria dos casos, somos do Sporting por influência de algum familiar ou amigo que desde cedo nos incute o ideal leonino. Uma situação que acaba por ser transversal aos outros dois grandes. As circunstancias da equipa de futebol do Sporting não são boas há quase quatro décadas e meia. Neste período ganhamos 4 campeonatos nacionais. Por muito que isto nos custe é com esta realidade que vivemos. Mas este facto não diminui a nossa paixão, a nossa vontade em ver o clube triunfar e sobretudo o nosso Sportinguismo. 

O que é o Sportinguismo?


O Sporting é uma enorme paixão para milhões de pessoas, sendo que cada adepto viverá o clube de forma diferente, mas existe um ponto que nos une a todos: uma enorme capacidade de resiliência e um amor incondicional ao clube sob qualquer circunstância. Esta parece-me ser a característica base dos adeptos do Sporting e é ao mesmo tempo o elemento diferenciador dos demais adeptos. É também esta característica que deixa os nossos rivais perplexos: "Como é que eles conseguem regenerar a enorme base de apoio que têm sem ganhar nada?". 

Um Sporting popular ou elitista?


Para além desta característica quase inata, os restantes "genes" que compõem o ADN Sportinguista são passíveis de mutação ao longo dos tempos. O Sporting nasceu para ser o maior clube português e um dos maiores clubes em termos europeus. O facto de sermos um dos poucos clubes a ter "Portugal" no nosso nome é um bom exemplo desse desígnio, assim como a mítica frase proferida por José Alvalade aquando da formação do clube "Queremos que o Sporting seja um grande Clube, tão grande como os maiores da Europa". Os nossos fundadores sabiam que para isto acontecer precisariam de uma forte base de apoio popular. 

Por muito que alguns - inclusivamente Sportinguistas - queiram passar uma ideia de um clube elitista, a verdade é que o Sporting foi criado para ser um clube popular. Nenhum Sportinguista renega as origens do clube, mas a realidade é esta. Outros há que dizem se o clube do povo mas que no fundo sempre apelidaram o Sporting de clube "nobre" por complexo de inferioridade. Um exemplo claro disto mesmo está na "Marcha do Sporting" por comparação à opereta das "papoilas saltitantes". Curiosamente, as duas músicas foram gravadas no mesmo dia em 1958. 


A verdade é que apesar da vontade dos nossos fundadores, nem sempre o Sporting deu os melhores passos para ser um clube mais popular.

Ao longo destes quase 112 anos podemos dividir a história do clube em quatro dinastias. A primeira dinastia de (1906-1973) onde o poder do clube foi mantido nas elites.

Uma segunda dinastia (1973-1995) iniciada por João Rocha que fez a transição entre a "nobreza" e a "burguesia" e transformou o Sporting num verdadeiro clube popular, cumprindo finalmente e por inteiro o desígnio de José Alvalade. Basta para isso vermos que o clube passou de 40 mil sócios para os 130 mil durante o seu mandato. João Rocha não ganhou muitos títulos nacionais no futebol - foram 3 em 13 anos - mas mostrou aos Sportinguistas as reais capacidades do clube e dos seus sócios. Para mim foi este o maior legado que nos deixou o Presidente João Rocha. Ainda dentro desta "dinastia" tivemos Jorge Gonçalves e Sousa Cintra.

Depois apareceu uma terceira dinastia (1995-2013) que quase destruiu por completo o clube. E aqui a palavra dinastia até fica bem empregue uma vez que dos 5 presidentes que tivemos nesta fase, 3 foram cooptados (José Roquette, Dias da Cunha e Soares Franco). O Sporting quis-se tornar no clube dos notáveis, dos grupos, grupinhos e grupetas substituído os seus ídolos por absolutos parasitas da sociedade. Desde esse tempo em diante acabaram os verdadeiros ídolos do Sporting. Gente como Joaquim Agostinho, gémeos Castro, António Livramento, Vítor Damas, Manuel Fernandes ou Carlos Lopes foram substituídos nos temas de conversa por VMOC, fecho de modalidades, venda de património não desportivo, Assembleias gerais onde era dada a oportunidade aos sócios de escolherem a próxima modalidade a ser fechada, e por ai fora.

Transformaram um clube popular de gente dedicada e lutadora num clube no clube dos bonzinhos, dos bons costumes, dos calimeros, dos punhos de renda e dos múltiplos "ó sotôr". Com tanta educação e falinhas mansas esta gente delapidou por completo o património do clube e transformou o clube mais rico do país num clube praticamente falido. Já repararam que neste período o Sporting perdeu todo o seu património e não investiu praticamente nada nas suas equipas? Para onde foi o dinheiro? Provavelmente estará entre um qualquer paquete da Expo ou num antigo cofre do Totta.

Grupos, grupinhos e grupetas


Não deverá existir no mundo uma instituição com tantos grupos, grupinhos e grupetas a gravitar em seu redor, como acontece com o Sporting. Assim de cabeça e falando apenas em grupos "organizados": Juventude Leonino, Directivo, Brigada, VETS, Torcida Verde, Stromp, Leões de Portugal, Conselho Leonino, Cinquentenários, Associação de adeptos Sportinguistas, Supporting, Rugidos ou o Solar do Norte. Se a este lote juntar todos os grupos não organizados nunca mais saio daqui. Olhem agora para os rivais e analisem o que é que eles têm. Pois...

Esta luta por poder, por visibilidade, por mais uns "metrinhos extra na minha quinta" tem de acabar de forma definitiva. Não me interpretem mal. Eu não retiro mérito ao trabalho feito por alguns destes grupos. Agora, não posso compactuar com aqueles que no âmbito de actividade destes grupos se focam apenas em aparecerem. Enquanto as pessoas não perceberem de forma definitiva que o Sporting está acima de todos nós, continuaremos a ter problemas.

Uma nova dinastia


Voltando à questão das dinastias. A "quarta dinastia" surge claramente com Bruno de Carvalho que apresentou um corte radical em relação ao passado recente do clube. Foi recuperado o Sporting ecléctico com capacidade para vencer competições europeias - e já vão 6 no saco -, financeiramente estável, um clube a aumentar o seu património, e com todas as condições para ser feliz também no futebol. O Sporting voltou a "ser nosso outra vez" e os leões estão prontos a lutar na defesa do clube. Tem sido recuperado o Sporting popular de João Rocha e aos poucos e poucos o Sporting elitista de punho de renda tem sido expurgado do clube. Foi muito isto que os sócios do Sporting votaram no última sábado.

Nas suas primeiras palavras depois de serem anunciados os resultados das votações desta AG, Bruno de Carvalho disse: "Hoje foi a prova que estamos com um Sporting CP pujante, vivo, que queremos um Sporting diferente, que não há volta atrás neste Sporting CP". Para quem ainda não percebeu - rivais e Sportingados - não há mesmo volta a dar. O Sporting Clube de Portugal está mesmo de volta e vão ter de levar connosco: nos cafés, nas ruas, nos estádios, nos pavilhões, nos ringues, nas pistas e em todo o lado.

Custe o que custar, doa a quem doer, em todo o lado e a toda a hora.

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8 comentários:

  1. Caro Mister;

    Excelente análise, sem dúvida.

    Permita-me uma comentário relativamente aos "grupos e grupinhos":
    Há que fazer a distinção entre JL, Torcida Verde, DUXXI e Brigada, que são grupos organizados de adeptos (devidamente legalizados), e os denominados Vets.

    Quem são esses "Vets"?

    Os Vets são um grupelho constituído por betos na senda do famigerado grupo "Sporting 2000" (de Salemas e Companhia Lda.) que tudo fez para derrubar Sousa Cintra e permitir a ascensão da dinastia dos punhos-de-renda. São, na verdade um anti-corpo mais ou menos presente, de malta dos 50 ou a caminho disso, mas que a actual JL não chupa nem com molho de tomate.

    Depois há os habituais grupinhos Stromp, Cinquentenários, Leões de Portugal, a que se veio juntar a (adormecida) Associação de Adeptos. São grupinhos a mais, de facto, e apenas reconheço algum potencial de utilidade na AAS.

    Não é justo juntar o Solar do Norte à lista, pois trata-se de um Núcleo que adoptou aquele nome (à semelhança do Solar do Leões de Almada, p. ex.).

    Também não é justo mencionar os Supporting, que são apenas uma banda rock de inspiração sportinguista, cujos elementos são todos fervorosos adeptos do nosso Clube, e que tem sido um elemento agregador na Família Leonina, conforme se tem observado pelos diversos Núcleos onde têm actuado.

    Não há volta a dar! A direcção continua! Só não percebo a ausência de festejo dos nossos rivais que tinham criado a hashtag #ficabruno... Deviam estar contentes, mas não se manifestam, ou só se manifestam para dizer mal e serem copiados pelos Sportingados. Estranho...

    SL

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    1. O Solar do Norte é delegação, não é núcleo. E ainda me esqueci da COM (CLaque Oficial das modalidades). Eu disse no post que não retiro mérito a alguns destes grupos. Só queria dar o exemplo do número exagerado de grupos que existem no Sporting. Se fosse a acrescentar outro tipo de grupo nunca mais acabava o post ;)

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  2. Tudo isto poderia fazer sentido no campo teórico ou como mera resenha histórica, mas o que sucedeu no último ano não foi a manifestação de um simples e legítimo desejo de unificação e de ter o Sporting a falar a menos vozes, mesmo que não fosse apenas uma.
    O que sucedeu (potenciado pelas redes sociais e também muita inabilidade comunicacional por parte de BdC e Nuno Saraiva) e está hoje à vista de todos é uma intolerável aspereza para com qualquer opinião contrária. Basta dar uma vista de olhos por blogs, FB e Twitter para o constatar. Elaborar listas, apelidar de sportingados e sportinguenses meros adeptos, lançar anátemas sobre "A" só porque fala com "B" sem que nada de concreto e censurável lhe possa ser assacado, tronou o ar manifestamente irrespirável nesta 4.a Dinastia, para usar as tuas palavras.

    Nunca fui do Sporting pelo que ele ganha ou ganhava, por isso não acho que valha tudo para podermos vencer ou estar mais perto desse objectivo. Quando se fala do ADN do clube, penso que é a isto que as pessoas se referem, mas actualmente pedir alguma elevação no discurso dos nossos mais altos representantes vale-me apenas um chorrilho de ofensas da parte dos que se esquecem que se para defender oos nossos interesses bastasse falar mais alto e recorrer ao vernáculo, qualquer pessoa com 2 neurónios o fazia.
    A ligação de muitos apoiantes de primeira e segunda hora de BdC perdeu-se por causa disto e temo que o cenário não irá melhorar em breve.

    SL

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    1. 100% de acordo! Podemos ser populares sem sermos umas bestas de palas nos olhos, características que se têm vindo a acentuar a olhos vistos!
      Bruno tem condições para ser o melhor dirigente desportivo da história, mas temo que a sua débil formação humana deite tudo a perder...
      E digo isto, pois nos itens em que era forte está igual, naqueles em que era fraco, está pior...
      Maus discursos, inteligência estratégica abaixo de 0 e uma falta de empatia notável...
      Popular e bronco ou popular e estúpido, não têm que ser necessariamente sinónimos...

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  3. Todos os grupos e grupinhos são úteis desde que trabalhem em prol do Sporting. A partir da altura em que acham que o Sporting lhes deve alguma coisa, ou que têm mais direitos que os demais sportinguistas PQP com eles. Sem o Sporting ninguém os conhecia

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    1. Já começamos a ver uns tiques disso mesmo no presidente. Gratidão sim, devermos-lhe alguma coisa...

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  4. Há sempre estas virgens ofendidas carregadas de pudor que acusam BdC de recorrer ao vernáculo. No fim, acabam sempre por passar por uns simples ignorantes! Badamerda e os três olhos fechados, são exemplo.

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  5. Ó Mister, Sportinguismo não é mais do que o benfiquismo, tondelismo, west hamismo ou outro ismo qualquer. Tem a ver com paixão, que muitas vezes nem tem explicação. O Amor tem destas coisas.
    Pena que não tenha dado uma definição do democratismo sportinguista...😏

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