quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A tese do "pôs-se a jeito"


Nos últimos tempos tenho reparado que o bitaite do "pôs-se a jeito" serve para justificar praticamente tudo. É uma espécie de canivete suíço que desenrasca qualquer situação complicada. Vejamos a análise de Alexandre Pais, antigo director do jornal Record e do jornalista José Ribeiro.

As medalhas da semana



Um olho à belenenses...


Ora bem, vamos lá analisar as justificações de Alexandre Pais

João Capela 

Fez uma "arbitragem em Chaves onde não marca pelo menos duas grandes penalidades" e é um "árbitro internacional desde 2011, mas é um árbitro com pouca coragem na hora de tomar as grandes decisões"

Foi esta a análise de Alexandre Pais à arbitragem de João Capela. Curta mas muito dura. Acusar um árbitro internacional de falta de coragem não é algo muito comum, vindo de um analista dito "imparcial".

Lindelof


No caso de Lindelof, Alexandre Pais divide o seu comentário em 3 partes distintas. 

Obviamente, se estamos num programa para analisar os piores da semana é preciso fazer alguma critica. "Foi um dos piores em campo na Turquia, fez um penálti e falha no lance do 3ºgolo". Foram estas as críticas ao jogador. 

Passamos agora à fase do elogio:
- "Tem sido um dos melhores jogadores do Benfica" 
- "Estava no pico da sua forma" 
- "Foi nomeado para melhor jogador da Suécia" 
- "Elogiado pelo Ibrahimovic" 

E finalmente a parte da desculpabilização com argumentos brilhantes:
- "Acontece a todos"
- "Se o Mitroglou tem marcado aquele golo aos 53 minutos, fazia o 4-0 e o Lidelof não era réu neste momento".
- "É assim o futebol"


"And the winner is"


"A nossa escolha vai para o João Pereira que tem um falhanço um bocado inacreditável no jogo contra o Real Madrid"

"Trata-se de um jogador com 32 anos que tinha até 2014 uma carreira ascendente. Ele falha, comete um penálti no Mundial de 2014 que penso que o marca bastante do ponto de vista psicológico, perde a confiança, perde o seu lugar no Valência, perde o seu lugar na selecção, depois é emprestado pelo Valência ao Hannover porque o Nuno Espírito Santo não contava com ele e é finalmente recuperado pelo Jorge Jesus e não só recuperado, como volta à sua grande condição, porque deixa o Schelotto no banco"

"Para um jogador que já tem mais de 400 jogos como profissional é um bocado incrível que ele se tenha metido numa confusão daquelas"

"Não fez nada que justificasse a sua expulsão, mas entrou na confusão quando sabe que é um jogador marcado, já tem muitos casos anteriores" 

"Foi um bocado ingénuo o que nesta fase da carreira não se compreende"

Vejamos se eu consigo compreender. Alexandre Pais diz que João Pereira "não fez nada que justificasse a sua expulsão" mas mesmo assim merece o prémio de "medalha de lata", isto porque foi um bocado ingénuo. Aqui está a tal tese do "pôs-se a jeito" a funcionar. 

Mas vejamos todos os argumentos usados para denegrir ainda mais o jogador. 

João Pereira o responsável pelo descalabro do Brasil


O "careca" traz à conversa um jogo do Mundial de 2014. Como se isso fosse relevante para o considerar o "pior da semana". Mas vamos ao facto em concreto. Confesso que não me recordava do lance do tal penálti no Mundial. Fui ao "arquivo" e lá percebi que o jornaleiro estava a falar do jogo inaugural de Portugal no campeonato do Mundo em que fomos goleados pela Alemanha por 4-0. 

Fazer de João Pereira o bode expiatório dessa derrota é do mais nojento que já vi fazerem a um jogador, quando se nos recordarmos bem o lance mais importante da partida foi a expulsão de Pepe. Curioso que nesse caso, o luso-brasileiro também se enquadra na tese do "pôs-se a jeito". Mas isso agora não interessa para nada.

João Pereira e o Valência


Para além do Mundial, Alexandre Pais trouxe para o programa o "problema" que João Pereira teve no Valência. Vamos recorrer ao jornal do nosso "amigo" para perceber o que foi dito sobre este assunto.



De acordo com as fontes do Record, este "caso estranho tem uma explicação". E a explicação aqui indicada é muito simples: "Jorge Mendes deixou de atender o telefone" ao João Pereira e este mudou de empresário. Ora, como toda a gente sabe, Nuno Espírito Santo também é agenciado por Jorge Mendes (cliquem aqui para conhecerem pormenores interessantes sobre este duo amoroso). 

Quem também é agenciado por Jorge Mendes é João Cancelo, que curiosamente joga na mesma posição de João Pereira. Estamos a falar de um jogador que foi emprestado pelo Benfica ao Valência nessa época, e que tinha uma cláusula de compra de 15 Milhões de Euros. Obviamente o Benfica e Jorge Mendes tinham todo o interesse em que a compra fosse efectivada. É que segundo Luís Filipe Vieira, Jorge Mendes cobra 10% ao clube da Luz. São sempre 1,5 Milhões de euros que entram na conta do Mendes. Dá sempre jeito...

João Pereira foi colocado a treinar à parte, mas os adeptos nunca se esqueceram do jogador o que demonstra bem a forma injusta como o jogador foi afastado da equipa. Coisa que Nuno Espírito Santo também está a fazer neste momento no Porto. 


A tese do "pôs-se a jeito"


Vejamos agora a análise aos casos de arbitragem do Sporting vs Real Madrid, pelo jornalista José Ribeiro.


Como título "João Pereira pôs-se a jeito". Já em baixo existe "teatro de Kovacic" e foi "mal ajuizado". É preciso acrescentar mais alguma coisa!?

Resumindo


Capela decide um jogo que deveria ser decidido pelos jogadores, mas está tudo bem. Lindelof comprometeu no jogo na Turquia onde "ofereceu" dois golos ao adversário, mas também está tudo bem e até deu para ocupar mais tempo com elogios do que com críticas. O pobre do João Pereira não faz absolutamente nada para ser expulso, mas "pôs-se a jeito" e recebeu a medalha de lata da semana e ainda foram buscar episódios com mais de 2 anos para denegrir o jogador, que como o próprio jornal Record noticiou, não tem culpa absolutamente nenhuma. 

Esta argumentação do "pôs-se a jeito" faz-me lembrar aqueles que abrem a janela de casa para entrar ar fresco e depois são assaltados. No fundo, também se "puseram a jeito". Não tinham nada que abrir as janelas!!! 

No fundo, no fundo, ainda vamos acabar todos por dar razão ao taxista Máximo. As meninas de mini-saia são violadas porque se "põem a jeito".


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terça-feira, 29 de novembro de 2016

Como marcar um golo às Finanças



Como marcar um golo às Finanças: Como o futebol se aproveita dos paraísos fiscais


Chutar uma bola em Madrid pode abrir uma empresa nas ilhas virgens britânicas. O efeito borboleta também funciona no futebol. Sempre que 22 jogadores profissionais entram em campo, há sempre alguém em segundo plano a ganhar dinheiro. Pode ser uma figura conhecida, como Jorge Mendes, agente de sucesso de Cristiano Ronaldo, ou um cidadão do Cazaquistão que ninguém tenha ouvido falar. A incidência desses actores no futebol moderno é cada vez mais decisiva, uma vez que fazem a ligação entre o que acontece no relvado e as estranhas sociedades originárias nos maiores paraísos fiscais do mundo.

Em Espanha, a Agência Tributária leva anos a tentar resolver alguns dos problemas que estão por trás da opacidade financeira do desporto mais popular do país. A propriedade de jogadores por fundos de investimento e empresas opacas, a tributação dos direitos de imagem dos jogadores e as relações entre clubes e agentes, são os problemas com que os inspectores se debatem nas investigações mais recentes. A Agência encontrou tantas ligações a paraísos fiscais, que dá para fazer um "11 ideial" - mais banco de suplentes - só de jogadores com problemas fiscais. 

Doyen, a mão que balança a bola


A 25 de Janeiro de 2013, um notário de Madrid verificou algo estranho num contrato que foi ratificado [clique aqui para aceder ao documento]. "Eu, o Notário, alerto os presentes da insuficiência de alegado mandato legal e a necessidade de prova posterior". O notário não ficou tranquilo com as palavras do representante do fundo de investimento Doyen Sports, que, ao indicar a origem do dinheiro administrado pela empresa, só trouxe a sua palavra. O representante da Doyen assegurava que o turco Malik Ali, de 32 anos controlava mais de 25% de participação na empresa.

O contrato foi assinado entre a Doyen Sports e Sporting Gijon e não foi o primeiro. Um ano antes, o nome Doyen tinha aparecido discretamente na parte de trás da camisola de jogo, e depois apareceu em outras equipas de Liga. Dois anos mais tarde, graças a uma publicação do Footballeaks, soube-se que a relação do fundo com o Sporting de Gijon era mais profunda do que o habitual para um mero patrocinador. O clube recebeu um total de dois milhões de euros da Doyen para atender os pagamentos pendentes e a despesas correntes. Em troca, o clube assumiu uma dívida para com a empresa de investimento de 10 milhões, cinco vezes o capital levantado. O dinheiro para pagar estes 10 Milhões à Doyen deveria ser pago através das transferência do seus jogadores para outras equipas. Vender não era uma opção para o Sporting de Gijon, mas sim, uma emergência.


A relação com a Doyen teve um resultado desastroso para o clube, mas o fundo conseguiu entrar no negócio da Primeira Divisão. Hoje, a Doyen detém os direitos económicos de vários jogadores e também se dedicada à gestão dos direitos de imagem com um divisão de marketing. O seu cliente mais importante é Diego Simeone, treinador do Atlético Madrid. A Doyen recebe 20% de qualquer campanha publicitária que o técnico faça e recebe também 20% sempre que haja uma renovação contratual com alguma marca.

A Doyen surgiu em 2011 mas não inventou nada. Simplesmente limitaram-se a imitar um modelo que floresceu na América do Sul na década de noventa, com a compra de direitos de jovens jogadores na esperança de dar um dia o salto para as grandes ligas europeias e gerar comissões multimilionárias com as suas transferências. Essa é uma das modalidades de investimento mais comum destes fundos, chamados TPO (third-party propriedade), mas também se envolve no "financiamento de liquidez" aos clubes, em troca dos direitos económicos dos seus jogadores, como no caso do Sporting Gijon. O fundo fornece dinheiro a um clube para a contratação de uma estrela, mas em troca, recebe uma parte dos direitos equivalentes à contribuição que fez sobre o preço da assinatura atleta. A empresa recebe o dinheiro quando o jogador é transferido para outra equipa.

A Doyen tornou-se num especialista no financiamento de contratações. Um dos casos mais conhecidos é o caso de Radamel Falcao, o atacante colombiano que o Atlético de Madrid comprou ao Porto em 2011. A contratação custou 40 milhões de euros, mas os colchoneros só "meteram" 20 milhões. O resto foi pago pela Doyen em troca de uma percentagem dos direitos do jogador. O fundo recebeu a sua parte quando o jogador foi vendido ao Mónaco em 2013 por 45 milhões de euros, com um ganho de 5 milhões. 

No Reino Unido, as TPO são proibidas porque se considerada que têm um impacto negativo sobre o futebol, ao provocar a venda contínua de jogadores para gerar ganhos de capital e comissões; porque sai dinheiro do futebol para investir em outras actividades; e porque eles causam conflitos de interesse que ameaçam a integridade do futebol. Pode acontecer o caso de que os jogadores de duas equipas que competem na mesma liga pertencem ao mesmo fundo, por exemplo, ou que os titulares são escolhidos no interesse das empresas de investimento para alcançar uma maior rentabilidade. A FIFA deliberou a proibição dos TPO e mantém uma batalha legal para expulsar os fundos do futebol, mas têm encontrado dificuldade para limpar este desporto.

Quadro Fiscal


Aos efeitos perversos que podem ter fundos na opacidade do futebol soma-se a opacidade das estruturas empresariais. Quem está por trás da Doyen? Voltando ao que foi referido pelo notário de Madrid podemos ir mais além do cidadão turco Ali Malik. Os documentos expostos pelo Footballeaks mostram que as fontes de financiamento da empresa são a Bennington Assets Group Limited, de Malik Ali, e especialmente o cazaque Rafik Arif, empresário bem sucedido no sector extractivo do seu país. Ele fez um empréstimo de 100 milhões de euros para sete anos (e com uma taxa de juros de 4,5%) para a sociedade de Ali.

Através dos "Panama Papers", é possível traçar o quadro fiscal de Rafik Arif. Os arquivos da empresa Mossack Fonseca indicam que Arif é acionista da Marlin Negociação Assets Limited, nas Ilhas Virgens Britânicas, e Acewood Global Limited, em Malta, com o qual controla Castello Global, outra empresa localizada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens . A rede foi registrada como Hamels, através de um escritório de advocacia em Malta. O mesmo que registou o Grupo Bennington Assets Limited, nas Ilhas Virgens.

Também nesta sociedade território ultramarino que "trava" a rede de Refik Arif, Rosetti Overseas Limited. Graças ao Footballeaks, você também pode saber que o beneficiário final desta rede é Arif, como evidenciado por um artigo escrito por um consultor fiscal e assistente de um dos contratos da Doyen.

Sevilla e Getafe são outros clubes que permitiram à Doyen conquista uma posição em Espanha. O dinheiro que as equipas pequenas conseguiram para efectuar transferências de direitos sobre um jogador, significaram uma fonte de crédito com o qual as pequenas e médias equipes não teriam sido capazes de contar, especialmente em tempos de crise.

Jorge Mendes


O caso da venda de Diego Costa para o Chelsea é um exemplo de como os lucros destes tipos de fundos se materializam. Dos 38 milhões que o clube inglês pagou, pelo menos 7,6 M estraram na Quality Sports Investments. Nos documentos divulgados pelo Footballeaks, esta empresa com sede na Irlanda, também está relacionada com a transferência de Saul e Koke. Em ambos os casos, chega a ter mais de 30% sobre os lucros destes jogadores.
A Quality Sports, segundo o registo comercial da Irlanda, é uma sociedade que simplesmente se dedica a ser detentora dos direitos de jogadores (ou uma percentagem dos mesmos). Os proprietários são Gestifute International, a empresa Jorge Mendes e a Ventures Sports Limited, uma empresa que se refere a um escritório de advocacia na Califórnia e que não há qualquer vestígio em registos públicos disponíveis gratuitamente.



Para chegar Mendes e expedição deve passar pelo o canal da mancha. Os bens obtidos através da venda de direito de jogadores foram transferidos, até 2014, para a Quality Sports Jersey GP Limited, com sede no paraíso fiscal de Jersey. A Gestifute de Jorge Mendes detém 50% desta empresa e é através desta empresa no paraíso fiscal britânico que é canalizada a liquidez para investimentos da Quality Sports, como atestam as contas anuais da empresa analisadas pelo jornal  "El Confidential".

Fuga ao Fisco


O uso de paraísos fiscais para tirar proveito dos direitos de um jogador de futebol não é uma prática nova. Para provar isso, o plantel da Real Sociedad, que foi vice-campeão da Liga em 2002-2003. Os "Panama Papers" mostram que foram criadas contas off-shore para pelo menos menos sete jogadores, entre os quais o atacante Darko Kovacevic. Uma vez montada a estrutura bancária, passaram a transferir os direitos do jogador para empresas em paraísos fiscais, primeiro para a "offshore" constituída pela Real Sociedad para o jogador e, em seguida, para a sociedade IMFC Licensing BV, registada na Holanda. O clube de San Sebastian efectuava o pagamento do salário do jogador directamente para a empresa holandesa, que, em seguida, transferia os fundos para a conta bancária aberta pelas sociedade nas ilhas virgens britânicas ou em bancos na Suíça ou Jersey.

Os direitos de imagem são os principais "financiadores" dos paraísos fiscais. As relações com os paraísos fiscais são apenas uma parte dos problemas que as autoridades fiscais atribuem à relação dos clubes com os jogadores e os seus agentes. Nesta sexta-feira, Cristobal Montoro, ministro das Finanças anunciou que os empresários devem ser pagos pelos jogadores e não pelos clubes. As Finanças acreditam que esses profissionais trabalham para os atletas e, portanto, devem ser os únicos a pagar todos os seus serviços, em vez de seus clubes.

O objetivo é evitar que "o futebol são onze contra onze, e no final ganha sempre o Jorge Mendes".


Este post foi traduzido e adaptado da versão apresentada pelo jornal espanhol "El Confidential" no passado Domingo. O artigo original pode ser lido (aqui). 

Resumindo


Em Espanha, o fisco anda em cima de tudo o que está relacionado com o futebol, com especial foco para as "negociatas" da Doyen e Jorge Mendes. Já vimos Mascherano, Messi, e outros futebolistas de renome mundial com problemas com a autoridade tributária espanhola. Na passada sexta-feira, a inspecção tributária multou Real Madrid, Barcelona e Atlético a uma coima total de 41 Milhões de Euros por tributação irregular sobre as comissões dos agentes dos jogadores. O Sevilla e Valência também foram multados em mais 11 Milhões de euros. Tudo somado são 52 Milhões de euros que entram nos cofres do Estado Espanhol. Curiosamente todos estes clubes estão envolvidos com Jorge Mendes.

Em Portugal, "no pasa nada". Para o Estado está tudo bem, não há nada a declarar nem nada a investigar. Tudo limpinho, limpinho. Nos jornais, nem uma palavra sobre estas investigações do fisco espanhol. Estamos a falar do país que viu nascer Nélio Lucas e Jorge Mendes, dois dos principais visados pela justiça espanhola. Nada! Nem uma linha...

Por que será?





Aqui ficam alguns posts recentes sobre Jorge Mendes e "sus muchachos"

Tour de France
A orgia do Poder
O "metodo" de Jorge Mendes
A "offshore" do Dragão
Branco mais branca não há
As intervenções divinas de Jorge Mendes
O silêncio ensurdecedor no caso Jorge Mendes

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#ForçaChape


Quero deixar uma mensagem de solidariedade para todos os adeptos do Chapecoense e para todas as famílias das vítimas.

Para os Sportinguistas, fica a informação que Marcelo Boeck, ex-atleta do Sporting, não se encontrava no avião por ter pedido dispensa para festejar o seu aniversário. Uma informação confirmada pelo empresário do próprio jogador.

Para além dos comunicados do Sporting e do seu Presidente, Jorge Jesus falou hoje de manhã sobre o sucedido, e em especial sobre o treinador Caio Júnior que já estagiou com o técnico do Sporting. 



#ForçaChape

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Inácio no Moreirense - O drama, a tragédia e o horror!!!


Augusto Inácio será o novo treinador do Moreirense após saída de Pepa no início da última semana. Parece-me ser uma boa escolha para o clube minhoto. Estamos a falar de um homem com muita experiência no futebol em Portugal e com capacidade para manter o clube na I Liga. 

Entretanto, a máquina de propaganda já lançou novo bitaite: "6 pontos garantidos para o Sporting". Uma tese que provavelmente será utilizada mais logo pelo "Trio Maravilha". Esta forma de colocar em causa o profissionalismo de um treinador é muito triste. É que estamos a falar de alguém que foi sempre um profissional digno por onde passou. Mas vamos lá desmontar a propaganda.

"Ah e tal estava no programa como funcionário do Sporting"


Primeira mentira! Após a entrada dos novos regulamentos da Liga que proibiram que os dirigentes dos clubes assumissem o papel de comentadores, Inácio desvinculou-se do Sporting.


No comunicado que anunciou a sua saída foi tudo devidamente explicado para que não subsistissem dúvidas.

"No seguimento das novas regras aprovadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional que impedem os dirigentes e funcionários dos clubes de participarem em programas de televisão como comentadores residentes, Augusto Inácio considerou que é fundamental continuar a sua participação regular no espaço mediático em defesa da transparência no futebol e da verdade desportiva", refere o Sporting em comunicado.

"O Sporting CP agradece a Augusto Inácio o profissionalismo e o trabalho desenvolvido até hoje nas mais diversas funções a que foi chamado pelo clube, e deseja-lhe as maiores felicidades pessoais e profissionais, relembrando que esta é, e será sempre, a sua casa"

Inácio foi o único comentador que procedeu de forma correcta desvinculando-se do clube antes da entrada das novas regras em vigor. Por outro lado, Rui Gomes da Silva (vice-presidente) e Pedro Guerra (Director de conteúdos da BTV), ignoraram as regras e continuaram com a acumular os cargos no Benfica com o papel de "paineleiros". Neste momento, o processo de Rui Gomes da Silva continua na Liga, mas não terá qualquer efeito prático uma vez que já não exerce nenhum cargo na estrutura. 

Inácio e os pontos oferecidos ao Sporting


Depois de ter sido campeão nacional pelo Sporting, Augusto Inácio treinou mais 5 equipas na 1ªLiga nacional. Vitória de Guimarães, Belenenses, Beira-Mar, Naval e Moreirense.


O único grande a quem Inácio nunca conseguiu vencer foi precisamente ao Benfica. Curiosamente, o clube com quem conseguiu melhores resultados foi precisamente com o Sporting ( 1 vitória e 2 empates)

Cai assim por terra a ideia de "favorecimento" que muitos querem fazer passar.


Ah e tal, o Bruno de Carvalho e o Inácio nas eleições de 2013 estavam ligados


Em 2011, Augusto Inácio fez parte da candidatura de Bruno de Carvalho. Nas eleições de Março de 2013, apesar de estar a treinar o Moreirense, Augusto Inácio manteve-se na equipa apresentada por Bruno de Carvalho, como sendo o director-desportivo na época seguinte. Em Março os sócios do Sporting elegeram Bruno de Carvalho e em Abril o Moreirense deslocou-se a Alvalade para jogar para a Liga. Nessa altura, como hoje, as insinuações foram mais do que muitas. O que é certo é que o Moreirense complicou a vida ao Sporting, que só conseguiu vencer nos descontos da partida com um golo de Valentin Viola. 


Os substitutos 


Augusto Inácio participava no programa Play-off da SIC Notícias aos Domingos e no "Pós-jogo" às segundas-feiras na SportingTV. Para a Sporting TV gostava imenso de ver Eduardo Barroso. Na semana passado esteve como convidado no programa e foi um extraordinário programa. Para o programa da Sic a escolha fica mais complicada. Na categoria de "velhas glórias" há alguns nomes possíveis no universo leonino: Virgílio, Pedro Gomes, Barão, Manuel Fernandes, Joaquim Melo, Carlos Pereira ou José Eduardo. Nenhum destes nomes me satisfaz por completo. Gostava de ver uma figura mais jovem na linha de Oceano ou Beto, sendo este último o meu favorito.

Veremos qual será a aposta da SIC.

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As insónias do Gil


A proximidade do derby está a deixar muito boa gente nervosa. Após o jogo do Sporting no Bessa, a máquina de propaganda lançou de imediato dois "bitaites".

Boavista ou miopia? 


Tudo começou com a "visão de águia" de alguns iluminados, que viram o que ninguém consegue ver. No toca e foge da propaganda, a versão foi mudando ao longo dos tempos. Vejamos:

Inicialmente houve quem achasse que a bola não tinha entrado na totalidade.


Mas as opiniões mudam, especialmente em tempos de "Guerra".


Quando nem os adeptos do Benfica acreditam na propaganda, há que corrigir...


Mas será que é preciso um vídeo em 3D para comprovar algo que toda a gente viu com clareza? Senão vejamos:

As opiniões dos "experts"



Análise Jornal Ojogo - Jorge Coroado, José Leirós e Fortunato Azevedo


Análise Casos.pt - Pinto Correia e Veiga Trigo

Análise Jornal Record - Marco Ferreira

Análise Jornal Abola
Com tanto vídeo em 3D, estou certo que neste momento a esmagadora maioria dos benfiquistas está ao lado do Presidente do Sporting na luta pela introdução das novas tecnologias.

Chuta-chuta


Nestas coisas dos bitaites, convém sempre lançar mais do que um. No fundo é como a pesca. Se podemos pescar com dois anzóis...

Para além do "tal golo" do Boavista, foi também lançada a campanha "Bruno César castigado para o derby". No reino do insulto, há uma equipa que domina em todas as vertentes:

Do Presidente ao capitão, passando pelo "Professor"


O Presidente dá o exemplo!



O Professor Rui Vitória aprende rápido e no início desta época mostrou toda a sua classe.


Já o capitão de equipa é um verdadeiro expert. Desde bater em árbitros até insultar os próprios adeptos.


Acredito que a situação de Bruno César seja passível de castigo. Curiosamente, seria a primeira vez que um jogador levaria um castigo por insultar o público.

Mas querem castigar o jogador? Vamos a isso. Aproveitem o embalo e no mesmo dia decidam também o castigo ao treinador Rui Vitória por ter mandado o árbitro Fábio Veríssimo para o "caralho". Se o fizerem cá estarei eu para aplaudir. Óbvio que não vai haver castigo nenhum, assim como não houve para César Paulo, atleta do Futsal do Benfica que insultou e atirou uma bola para a bancada onde estavam os adeptos do Sporting.




As insónias


No meio das insónias do Gil e sus muchachos, há aqueles que sendo benfiquistas assumidos são premiados com uma rubrica diária no Record. Provavelmente, mais uma iniciativa de Nuno Farinha, o recrutador de serviço.

Já repararam na facilidade com que os autores de páginas, blogs e derivados encarnados entram nos jornais e nas nossas televisões? No Expresso do Candeias temos o "Um azar do Kralj", para o Record o Farinha escolheu o "As minhas insónias em carvão", o Guilherme Cabral é presença constante nas televisões, entre muitos outros artistas mais ou menos "escondidos". Será que ninguém se questiona sobre isto?

Voltando às insónias: Vejamos a quantidade de tweets que o "Insónias em carvão" fez sobre o lance de Bruno César.



Uma hora depois, lá estava a CMTV a dar todo a destaque a esta situação. Curiosamente, o Record e o CMTV são detidos pela Cofina. Depois de todos estes tweets ainda há alguém que ache que este tipo é minimamente independente?

Carvonómetro do Insónias


Aqui fica o carvonómetro do insónias. Créditos ao enorme @tonicasubtonica

Sobre estes tipos que saltam para o estrelato vindos de carnide, falarei brevemente e com um exemplo bastante claro. Para já fiquem com a eloquência dos artistas:


Enquanto se fala do Bruno César ou do lance do "possível golo" não se fala da decisão errada de expulsar Rúben Semedo nem da arbitragem vergonhosa de Fábio Veríssimo. E por que será que não se fala da crise do Porto? Nos últimos 6 jogos, são 5 empates e dois golos marcados. Pelo meio a eliminação na Taça e num grupo da Champions que mais parece da Liga Europa ainda não conseguiram a qualificação. 

Por que será que só interessa "malhar" no Sporting?

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domingo, 27 de novembro de 2016

Abram alas para o grande Sporting!!!


Mais um dia feliz na história do futsal leonino. O Sporting empatou hoje a três bolas frente ao Dínamo de Moscovo. João Matos, Diogo e Cavinato foram os marcadores dos golos que garantiram a passagem à Final 4 da UEFA Futsal Cup. 

Na fase final a realizar em Abril, o Sporting jogará frente ao Ugra da Rússia, Kairat Almaty do Cazaquistão e o Inter Movistar de Espanha. Há ainda a expectativa que o Sporting possa organizar no novo Pavilhão João Rocha a fase final da prova. Veremos se será possível concretizar este sonho. 

Esta será a 5ª participação do Sporting na fase final da prova. Em 2001-2002 o Sporting perdeu nas meias-finais numa fase em que não era atribuído o 3º e 4º lugar. Nas restantes participações o Sporting registou um 4º lugar 2011-2012, um 3ºlugar em 2014-2015 e foi vice-campeão Europeu em 2010-2011.


Agora é pensar na Liga. Já na próxima 5ªfeira jogamos contra o Pinheirense e no Sábado há derby frente ao Benfica.

Esta equipa merece todos os elogios e apoio dos Sportinguistas. Relembrar que o Dínamo conta "só" com 3 campeões do mundo pelo Brasil (Wilde, Fernandinho e Ari) e 3 atletas que perderam a final do Mundial de Futsal no verão passado.

Feito brilhante da nossa equipa! Obrigado a todos!

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sábado, 26 de novembro de 2016

Rui Patrício - A maior figura leonina do século XXI


Enquanto adepto e sócio do Sporting Clube de Portugal, não tenho dúvidas em apontar Rui Patrício como sendo a maior figura leonina do século XXI, até ao momento. Felizmente, o clube tem outros grandes nomes nas mais diversas modalidades. Francis Obikwelu, vice-campeão olímpico em 2004 que já leva 19 anos de Sporting ou João Benedito, vencedor de 18 títulos pelo Sporting em 21 épocas, são apenas dois exemplos de figuras históricas do Sporting neste século.

Uma formação de excelência


Rui Patrício chegou ao Sporting na época de 1999/2000, com apenas 11 anos de idade. Ao longo da sua formação em Alcochete conseguiu o feito de ter conquistado todos os títulos nacionais na formação. Um Campeonato Nacional de Iniciados (2002/2003), dois Campeonatos Nacionais de Juvenis (2003/2004 e 2004/2005 e o Campeonato Nacional de Juniores em 2005/2006.

O jovem Rui Patrício fez parte da primeira geração de jogadores formados na Academia de Alcochete. 


"Como qualquer criança quando vem para o Sporting, o meu sonho sempre foi este. Passados 10 anos ainda estou a jogar na equipa principal. É motivo de grande orgulho para mim, para a minha família e os meus amigos, que sempre me apoiaram, e logicamente também para o Sporting, porque é importante termos jogadores da formação" Rui Patrício 

O início da lenda


Em 2006/2007, Rui Patrício então com 18 anos passou a fazer parte do plantel principal como 3º guarda-redes. A 19 de novembro de 2006 o Sporting deslocou-se à Madeira para defrontar o Marítimo em jogo para a 10ª jornada da Liga. Ricardo, na altura o dono da baliza do Sporting CP, tinha um problema físico e estava em dúvida para a deslocação à Madeira. Já Tiago, o habitual suplente, estava lesionado e foi riscado da lista. Ricardo acabou por não recuperar e chumbou o último teste antes da partida. Oportunidade perfeita para Rui Patrício ser titular nesse jogo onde víria a ser herói.

À passagem do minuto 75, Anderson Polga cometeu uma grande penalidade. Rui Patrício teve aqui a sua primeira oportunidade de brilhar e agarrou-a com as duas mãos.


"Foi um momento único. Jogar na equipa principal era o cumprir de um sonho. Ter a oportunidade de poder defender um penálti foi ainda melhor"  Rui Patrício

A titularidade


Na época seguinte (2007/2008), o Sporting vendeu Ricardo ao Bétis de Sevilha e contratou Vladimir Stoijkovic. A expectativa à partida seria para que o jovem leão fosse mais uma vez o 3º guarda-redes da equipa, num plantel que contava ainda com Tiago. O Sérvio foi titular até à 9ª jornada da Liga até no início de Novembro. Um desentendimento com o treinador Paulo Bento fez com que perdesse a titularidade. Tiago foi chamado a assumir a baliza nos dois jogos seguintes, mas os resultados da equipa e as exibições do experiente guardião português não foram suficientes para continuar na baliza. Tiago jogou em casa frente à Roma na Champions League (2-2) e em Braga para a Liga (derrota por 3-0).

A 24 de Novembro de 2007, Rui Patrício conquistou a titularidade no Sporting, que dura há cerca de 9 anos de forma ininterrupta. Num jogo realizado no Estádio do Mar em Matosinhos, o jovem leão fez o seu segundo jogo oficial pelo Sporting e sofreu o seu primeiro golo. Um auto-golo de Abel num empate a uma bola.



A estreia na Europa


Três dias depois de ter feito o seu primeiro jogo com o estatuto de titular do Sporting estreou-se nas competições Europeis e logo em Old Trafford frente ao Manchester United numa partida da Champions League.


O resto é história. São 9 anos de titularidade indiscutível no Sporting.

O primeiro título como sénior


No final da sua primeira época a titular, Rui Patrício conquistou o seu primeiro troféu oficial como sénior. A Taça de Portugal de 2007/2008. A tal dos dois golos de Rodrigo Tiuí.


Percurso nas selecções


No percurso pelas selecções nacionais falta apenas uma presença nos sub-15 lusos. De resto, Rui Patrício esteve em todas as selecções nacionais dos sub-16 até à equipa A.


A estreia ocorreu a 8 de Fevereiro de 2008 quando Scolari lhe deu a oportunidade de jogar os últimos 5 minutos num jogo frente à Roménia. Foi chamado por Scolari para a fase final do Euro 2008, onde não foi utilizado. Após a saída de Scolari, foi convocado diversas vezes por Carlos Queirós, mas acabou inexplicavelmente por nem ser seleccionado para o Mundial 2010. Na altura Carlos Queirós preferiu convocar um tal de Daniel Fernandes (quêm?). Isto na mesma convocatória em que deixou João Moutinho de fora...

Quatro meses após o campeonato do Mundo, Rui Patrício passou de não convocado para a titularidade na baliza nacional. A 17 Novembro de 2010, num amigável contra a Espanha Rui Patrício fez a sua estreia como titular da baliza nacional. Dai para cá foi sempre titular indiscutível na nossa selecção. Já lá vão 6 anos.

O percurso nas selecções teve o seu auge no último Europeu, onde foi decisivo para a conquista mais importante da história do futebol português.


Rui Patrício foi mesmo considerado o melhor guardião desse campeonato da Europa.


São Patrício


De 2009/2010 a 2012/2013 o Sporting viveu uma das maiores crises desportivas da sua história centenário. Um período que culminou com um 7ºlugar em 2012/2013. Durante essa altura, os adeptos do Sporting apelidaram o guardião de "São Patrício" pelas dezenas de ocasiões em que salvou o Sporting de maiores humilhações. Foram 4 penosos anos, onde a campanha europeia de 2011/2012 foi o único momento de alguma alegria dos Sportinguistas com a chegada à meia-final da Europa League.


Ruiiiiiiiii


Felizmente, o Sporting conseguiu ultrapassar esses anos de pesadelo e regressar à luta pelo título nacional. Nesta nova fase do Sporting, Rui Patrício passou a ter um papel menos relevante, uma vez que os resultados e desempenho da equipa fazem com que tenha que intervir menos durante a partida. Quando é chamado à acção é hora de dizer: "Ruiiiiiiiiiii".


Os números





"O sonho de qualquer criança que joga no Sporting é chegar à equipa principal, foi sempre esse o meu objetivo desde que cheguei. Está a fazer 10 anos que fiz o meu jogo de estreia na equipa principal e ainda estou na equipa. Isso é motivo de orgulho para mim, para a minha família e para os meus amigos, que sempre me apoiaram. E também para o Sporting, pois é importante ter jogadores da sua formação na equipa principal"

Agradecer a todos pelo apoio. Se ainda não seguem o Mister do Café nas redes sociais, podem começar já.

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sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Reestruturação Financeira e as VMOC


Na sequência do post anterior sobre o aumento de capital, aqui fica um post sobre tudo o que os Sportinguistas precisam de saber sobre as VMOC, de acordo com o plano de reestruturação financeira. 

Para uma melhor compreensão deste post, sugiro a leitura do post sobre o "Aumento de Capital". (cliquem aqui)

VMOC?


Começo por explicar o que são as "VMOC", para que mesmo os leitores menos identificados com economia e finanças possam entender do que se trata. Vejamos:

A sigla VMOC significa "Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis". Na pratica, as "VMOC" são obrigações que rendem um determinado juro anual e que no final do prazo são convertidas em capital da sociedade.

Quando é que as VMOC entraram no Sporting?


Em 2011, na presidência de José Eduardo Bettencourt, o Sporting realizou a segunda "reestruturação financeira" da sua sociedade. A "operação harmónio", como ficou conhecida entre os Sportinguistas. Na altura, o plano visava a saída da "falência técnica". A SAD estava com capitais próprios negativos de 42,442 milhões de euros.

Esta reestruturação financeira teve dois momentos: Primeiro, com descida do capital social de 42 milhões para 21 milhões de euros, por redução do valor das acções de 2 para 1 euro. Depois, foi feita a emissão de 18 milhões de acções e consequente aumento do capital para 39 milhões de euros.

Para além destas duas "movimentações", a Sporting SAD lançou 55 Milhões de VMOC para o mercado. É importante esclarecer que qualquer pessoa poderia subscrever estes 55 Milhões de VMOC a uma taxa de juro anual de 3%. Na altura, a Sporting SAD não fez nenhum esforço no sentido de os particulares comprarem estas VMOC, pelo que nem sequer publicitou esta operação.

Ora bem, dos 55 Milhões em VMOC os particulares subscreveram 166.095,00 €, ficando o Millenium BCP e o Banco Espírito Santos com o restante (27.416.953,00 € cada um). A oferta pública de 18 milhões de acções registou sobras de 3,47 milhões de títulos que tiveram de ser absorvidos pelo Sporting CP nos termos do compromisso assumido com a banca.

Importa salientar que o Sporting ficou com opção de compra da totalidade destas VMOC, com vencimento em Janeiro de 2016 (5 anos depois).

O Godinho resolveu isso, de certeza absoluta!!! Ou então, não!?


Importa dizer que a emissão dos 55 Milhões de VMOC foi concretizada a 14 de Janeiro de 2011. No dia seguinte, José Eduardo Bettencourt pediu a demissão de Presidência do Sporting.



Curioso que Bettencourt tenha pedido a demissão precisamente no dia seguinte à subscrição das VMOC. O Sporting ficou aqui com um enorme problema entre mãos, que passava pela obrigatoriedade de ter de pagar 55 Milhões ao fim de 5 anos. Isto se quisesse manter o controlo da SAD.

Em Março desse ano, Godinho Lopes chegou à presidência do Sporting através de uma golpada eleitoral. A nova direcção sabia perfeitamente que teria de levar a cabo uma gestão financeira muito rigorosa, para conseguir preparar o clube para pagar os 55 Milhões de VMOC deixadas por José Eduardo Bettencourt. Foi isso que foi prometido aos sócios.

Das promessas à realidade, Godinho Lopes deixou um buraco no Sporting de cerca de 90 Milhões de euros. Se à partida o Sporting precisava dos 55 Milhões para liquidar as VMOC, ficou ainda com um problema adicional: Mais 90 Milhões "para o prego". E isto para não falar no passivo galopante da SAD e das contas do clube.

Em Março de 2013 chegou a hora de Bruno de Carvalho. Estamos todos lembrados das duras negociações com a banca no início do mandato. Hoje, parece que as pessoas se esqueceram que o clube tinha um PER em cima da mesa e que a ameaça à sobrevivência do clube foi bem real. Felizmente, Bruno de Carvalho conseguiu fazer um acordo de reestruturação financeira que apesar de ser muito duro e de ter fortes limitações, deu ao clube a possibilidade de ser dono do seu destino.

O que estava planeado na Reestruturação financeira para as VMOC?


Para além de um conjunto de medidas que tenho vindo a falar ao longo do tempo, o plano de reestruturação contratualizou a questão das VMOC de forma clara. Vejamos:



Como podem ver neste print retirado do acordo de reestruturação financeira, disponibilizado pelo Footballeaks, existem 3 tipos de VMOC: A, B e C. Começo por explicar individualmente.

VMOC A - São as VMOC emitidas por José Eduardo Bettencourt em 2011. Tinham vencimento em 2016. As tais que temos vindo a falar até agora.

VMOC B - São as VMOC negociadas com a banca por Bruno de Carvalho no valor de 80 Milhões (2015-2025). Como vimos, Godinho Lopes deixou um buraco de 90 Milhões de Euros, por isso foi preciso emitir estas VMOC B a 10 anos, para que o Sporting tivesse condições de no espaço de uma década equilibrar as suas contas e encontrar meios de liquidar este montante.

VMOC C - São VMOC a contrair para liquidar as VMOC A. Passo a explicar de seguida.

VMOC C para liquidar VMOC A? 


Obviamente, quando Bruno de Carvalho entrou no Sporting e face às enormes dificuldades financeiras da SAD, não haveria condições para que em apenas duas épocas esta direcção arranjasse 55 Milhões de Euros para liquidar as VMOC A. Por isso, em sede de reestruturação financeira ficou definida a criação de umas VMOC C para liquidar as VMOC A "na data de vencimento daqueles valores mobiliários" como está no print anterior, ou seja em Janeiro de 2016.

Informação essa que foi sempre do conhecimento de todos, como podem verificar nas propostas apresentadas pelo conselho directivo antes e durante a Assembleia Geral de 30 de Junho de 2013 no Pavilhão da Ajuda, onde os sócios deliberaram sobre o plano de "reestruturação financeira". Aqui está o print:


Desde esse dia, a Sporting SAD está mandatada pelos sócios para emitir 55 Milhões de VMOC. As tais VMOC C. Como podem verificar neste print, o Sporting não tem o direito de compra destas VMOC C, uma vez que servem para "anular" as primeiras VMOC A. Era isto que estava planeado.


Simulação do plano da reestruturação financeira




- À esquerda está a actual estrutura accionista onde o Sporting detém cerca de 64%.

- No meio, está feita a simulação para a entrada dos investidores no montante de 18 M como vimos no post sobre o aumento de capital. Mesmo assim o Sporting mantém a maioria da SAD.

- No quadro mais à direita está a conversão das VMOC A em capital da SAD. Ou seja, o Sporting emitiria as VMOC C no valor de 55 M para pagar as VMOC A no mesmo valor. Nessa altura manteria na mesma a maioria do capital da SAD com cerca de 70% e ficaria com duas emissões e VMOC pendentes: VMOC B de 80M + VMOC C de 55M.

Então mas o Sporting não renovou as VMOC A?


Em Janeiro de 2016 e em Assembleia Geral de Titulares de VMOC, foi deliberada a substituição da data única de conversão obrigatória de VMOC de 17 de Janeiro de 2016 para 26 de Dezembro de 2026, conforme podem verificar em baixo.



Os detentores de VMOC ficaram ainda com a possibilidade de entre o dia 11 e 15 de Janeiro de 2016 de exercerem a conversão das VMOC em capital da SAD caso assim o entendessem. Tal e qual o que foi afirmado por Bruno de Carvalho à saída da reunião. 


Resumindo:

Em termos técnicos, o Sporting acabou por não renovar estas VMOC A, mas sim adiantar o prazo de conversão em cerca de 10 anos. Se bem se recordam, esta foi mais uma negociação complicada para o Sporting, na linha do que aconteceu com a reestruturação financeira.

Na pratica, este adiamento destas VMOC A permitiu ao Sporting não ter que emitir as tais VMOC C para liquidar as VMOC A. Uma jogada brilhante desta direcção que dá ainda mais margem de manobra para que o Sporting consiga liquidar todas as suas obrigações futuras.

E as VMOC B dos 80 Milhões?


A emissão destes 80 Milhões de VMOC em 2015 estava já prevista na reestruturação financeira aprovada em 2013. Deste montante, importa salientar que o Sporting só ficou com opção de compra de compra de 44 Milhões do valor nominal das acções.


Trocando por miúdos, isto quer dizer que destes 80 Milhões de VMOC B o Sporting só tem o direito de opção de 44 Milhões, ficando os restantes 36 Milhões nas mãos dos bancos e dos pequenos investidores, que podem gerir como bem entenderem. Tanto podem ficar accionistas da SAD como podem vender as acções no mercado. Se o Sporting tiver interesse nas acções pode fazer uma proposta, mas nunca haverá a obrigatoriedade de venda ao Sporting desses 36 Milhões.

E quanto é que vai custar a compra dos 44 Milhões de acções ao Sporting ?


Esta é uma das perguntas mais relevantes sobre este assunto. No acordo de reestruturação financeira divulgado pelo Footballeaks, existe uma formula de calculo previamente acordada para definir o preço de opção de compra das VMOC por parte do Sporting.


Fazendo aqui um breve exercício e tendo em conta que as acções do Sporting nos últimos 6 meses terão um valor médio a rondar os 60 cêntimos/acção.

Preço que o Sporting paga = 0,6€ x 1,2 x 44 M = 31,6 Milhões de Euros

Ou seja, isto quer dizer que se o Sporting adquirisse neste momento os 44 Milhões de acções "só" pagaria 31,6 Milhões de Euros.

Importa salientar mais dois pontos importantes:

A) - O Sporting nunca poderá pagar mais do que os 44 Milhões. É este o limite máximo.

B) - Em contas redondas, se o preço médio das acções nos últimos 6 meses for inferior a 0,83€ o Sporting "ganha" dinheiro ao comprar as VMOC. 

As contas ao dia de hoje


Hoje, o Sporting tem 135 Milhões de Euros em VMOC. Os 55 Milhões das VMOC A e os 80 Milhões das VMOC B. A qualquer momento pode emitir mais 55 Milhões de VMOC C para liquidar as VMOC A, como já vimos.

Destes 135 Milhões de VMOC, o Sporting tem opção de compra de 99 Milhões. Apenas 36 Milhões não têm opção de compra por parte do Sporting.

Vou agora fazer uma série de simulações para que percebam tudo:

Estrutura accionista actual


Sporting tem a maioria do capital da SAD com cerca de 64%. Em VMOC 135M= 55M de VMOC A + 80 VMOC B.

Simulação estrutura accionista após entrada dos investidores


Após a entrada dos 18 Milhões dos investidores, o Sporting mantém a maioria do capital com 50,38%. Em VMOC mantém-se os 135M = = 55M de VMOC A + 80 VMOC B

A emissão das VMOC C


Emitindo as VMOC C, a SAD liquidará as VMOC A. Terá ainda de comprar os 44 Milhões de acções das VMOC B.


Resumindo:

- Sporting emite as VMOC C e liquida as VMOC A. Esses 55 M das VMOC A são convertidos em capital leonino. O Sporting não tem opção de compra das VMOC C, pelo que a banca ficará com elas.
- O Sporting tem opção de compra de 44 M das VMOC B. Vai adquiri-las e mantém o controlo maioritário da SAD. Como vimos anteriormente, e se fosse à data de hoje poderia compra-las por cerca de 31,6 Milhões de euros.

Resumo do resumo:

Sporting nunca gastará mais de 44 Milhões de Euros em 2026 para manter o controlo da sua SAD. Dos 135 Milhões de VMOC a banca ficará com 91 Milhões.

Ó mister, mas o Sporting não está já a pagar à banca com as retenções das transferências?


A polémica em torno do valor retido nas transferências de Slimani e João Mario foi tanta, que as pessoas se esqueceram do essencial. Esse dinheiro serve para pagar à banca. Não é para "deitar ao lixo".

Os montantes retidos são num primeiro momento libertados para pagamento das obrigações correntes com a banca no final no exercício económico em curso. Se esses montantes estiverem liquidados, o tal "valor retido" fica na rubrica "Depósitos bancários à ordem - restritos".


Como podem verificar, no final do exercício 2015/2016, o Sporting tinha cerca de 3 Milhões de Euros acumulados para fazer face a obrigações futuras com a banca, entre as quais a liquidação das VMOC com opção de compra.

Resumindo



Aqui fica o quadro publicado pelo Sporting no seu site, com a diversas alterações na estrutura accionista que foram delineadas em sede de reestruturação financeira.

Julgo que a "questão VMOC" fica aqui bem explicada. Em 2026, o Sporting terá de pagar um valor máximo de 44 Milhões de Euros, que como vimos pode ser inferior mediante a questão do preço médio dos últimos 6 meses. Para além disso, importa salientar que nas vendas de jogadores estão a ser retiradas percentagens importantes como "poupança" para pagar à banca. Só na venda de Slimani e João Mário foram cerca de 16 Milhões.

Em termos financeiros o Sporting encontra-se numa situação estável. Até ao final deste mês a SAD deverá apresentar os resultados do 1º trimestre de 2016/2017, que serão muito bons, uma vez que serão reflectidos os montantes das vendas do verão passado.

A CMVM deixou cair a obrigatoriedade de apresentação de relatórios trimestrais, ficando os clubes obrigados apenas à apresentação do relatório anual. O Sporting já anunciou que continuará com a sua política de transparência, publicando todos os relatórios trimestrais. Todas as informações deste post foram publicadas pelo Sporting com excepção do acordo de reestruturação financeira que foi publicado pelo Footballeaks.

Qualquer tipo de dúvida, deixem nos comentários em baixo. Mediante o meu conhecimento tentarei responder.

Agradecer a todos pelo apoio. Se ainda não seguem o Mister do Café nas redes sociais, podem começar já.

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